'Chega de suposições, o que eu quero são respostas', afirma mulher que teve mão amputada em parto

Em depoimento de 5h, Gleice Kelly rechaça problemas na gravidez alegados pelo hospital; representante da unidade de saúde deve ser ouvido nesta terça-feira (24)

Greice Kelly, de 24 anos, teve a mão amputada após dar a luz ao terceiro filho
Greice Kelly, de 24 anos, teve a mão amputada após dar a luz ao terceiro filho -
Rio - Durante cinco horas, agentes da 41ª DP (Tanque) colheram o depoimento de Greice Kelly da Silva, de 24 anos, a mãe que teve a mão amputada durante o parto de seu terceiro filho, no Hospital da Mulher Intermédica de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Em contato com MEIA HORA, a mulher afirmou que o único problema durante a gravidez foi de diabetes gestacional, controlada logo no início. Representante da unidade de saúde deve depor nesta terça-feira (24).
O hospital afirmou que a paciente tinha um histórico de múltiplas gestações, o que aumenta o risco de intercorrência, mas que o bebê nasceu vivo e bem. 

"Até que ela apresentasse melhores condições para transferência para hospital de maior complexidade, houve a necessidade de se optar pela amputação do membro em prol da vida da paciente”, dizia um trecho da nota.
Contudo, Gleice Kelly negou a versão dada pela unidade, afirmando ter documentos - segundo ela, e-mails e exames - que comprovam o fato dela ter tido amparo médico para ter uma nova gestação firmou que tinha diabetes gestacional controlada e questionou o posicionamento da unidade de saúde.

“Fiz o meu pré-natal com a médica de alto risco, porém o meu alto risco era por causa da diabetes gestacional, mas era uma diabetes controlada, que tive somente nos dois primeiros meses. Antes de engravidar do meu segundo filho, eu sofri um aborto. Posteriormente, fiz uma histeroscopia e o médico até brincou dizendo que meu útero estava pronto para abrigar uma nova gestação e engravidei de novo. Tudo normal. Se eles achavam que eu poderia ter qualquer complicação, como é que eles agendam meu parto para lá, se lá não tinha suporte? Eu tenho o e-mail deles, me pedindo que fosse para essa maternidade fazer a internação do parto. Chega de suposições, eu estou atrás de respostas. A impressão que eu tenho é que, se tivesse tido um atendimento melhor, mais ágil, talvez eu estivesse com a minha mão ainda”, comentou.
De acordo com a defesa da vítima, Monalisa Gagno, o depoimento de Greice Kelly, ocorrido na última segunda-feira (23), durou tanto tempo justamente pelo fato da cliente ter feito uma explicação minuciosa de todo seu histórico médico até o ocorrido que culminou com a amputação de mão. Segundo a advogada, está previsto para esta terça-feira (24) o depoimento do representante da unidade de saúde. Essa acareação era para ter ocorrido na semana passada, mas, à pedido do hospital, foi solicitado o adiamento para que pudessem, segundo eles, angariar mais informações da sindicância interna.
A liderança da unidade foi afastada até que o caso seja inteiramente solucionado.