Num mar de tempestade e ventania /
Foi trazendo especiarias / Que o barco naufragou / Noz-moscada, cravo,
iguarias / No caminho para as índias /
A história eternizou
O marinheiro se perdeu
na madrugada / O mogangueiro
correu para o igarapé / A curuminha entoou uma toada / Enquanto
abria-se a flor do mururé / E nesse
encontro entre o rio e o oceano /
A grande ilha que cultiva o carimbó / Dizem que bichos
ainda falam com humanos /
Há muitos anos na
Ilha de Marajó
Eh! batuqueiro no samba de roda, curimbó / Quero ver você
cantar, como canta o curió /
Okê caboclo! Onde vai
a piracema? /
Rio acima segue o voo
de uma juriti pepena
Há mão que modela a vida /
No barro marajoara / E o búfalo que pisa / Esse chão do Parauara / Chama
o Mestre Damasceno / Pra entoar
esta canção / Das cantigas da vovó /
Do tempo da escravidão
É lá! É lá! É lá! / Canoeiro vive só,
"morená" / É lá! É lá! É lá! /
Mas precisa de um xodó
Cadê o boi? / O mogangueiro,
o mandigueiro de oyá /
Meu Tuiuti não tem medo de careta /
Traz o boi da cara preta
do Estado do Pará