Mais liberdade para a arte das ruas

Peças que compunham painel de grafite são removidas pela prefeitura

O artista e sua cria: André Rongo não entende por que não foi consultado sobre a remoção de suas esculturas
O artista e sua cria: André Rongo não entende por que não foi consultado sobre a remoção de suas esculturas -

A remoção pela prefeitura de esculturas que compunham pintura na Praia de São Conrado levantou questões sobre a segurança jurídica para a realização da arte do grafite em espaços públicos do Rio. Isso porque a técnica do artista André Rongo, de 43 anos, é nova e mescla peças em alto relevo, feitas com reaproveitamento de lixo, à tradicional pintura com spray. O trabalho é parte do projeto 'Rio em Todas as Cores', aprovado pelo Município via Lei do ISS.

O painel tem o tema 'Praia limpa por gentileza' e está sendo feito na mureta do calçadão, voltada para o mar. A inauguração será amanhã, Dia Mundial do Grafite, data incorporada ao calendário oficial da cidade. Porém, as esculturas que seriam o diferencial não estarão presentes.

Testemunhas dizem que as peças foram recolhidas por agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop), na noite de domingo passado. "Parece que eles esperaram o artista ir embora, foram lá e arrancaram tudo, no ódio mesmo", disse um homem.

As esculturas removidas representavam três peixes e uma baleia, feitas com materiais recolhidos da areia e nas ruas, como plástico PVC e garrafas pet. "Utilizo essa técnica, que chamo de Graffiti Sustentabilismo, para impactar as pessoas. Penso que eles não tinham esse direito. Não houve notificação, não vieram falar comigo. Cada trabalho que a gente faz é único, é como se fosse um filho. E eles simplesmente retiraram à força", lamentou André Rongo.