Rio - Integrantes do Movimento Pão de Açúcar sem tirolesa realizaram um ato, na tarde deste domingo (26), na Praia Vermelha, Zona Sul do Rio, para protestar contra a construção de tirolesas que ligarão o Morro do Pão de Açúcar e da Urca. Os presentes também fizeram um abraço simbólico na Praça General Tibúrcio, na frente do ponto turístico.
A principal preocupação dos manifestantes é com a impacto ambiental que as obras irão causar em um local que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 1973, e reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco em 2012. Segundo o movimento, as intervenções descaracterizam o local, podendo causar a perda do título internacional.
No ato deste domingo (26), os manifestantes levaram cartazes pedindo o embargo das obras. Para a presidente da Associação Renova Urca, Aurimar Prazeres, a construção serve para transformar um ponto turístico natural em um local de exploração de entretenimento. A representante da associação também integra o movimento e esteve no ato realizado na Praia Vermelha.
"É uma construção totalmente errada. O Pão de Açúcar é um patrimônio tombado que corre o risco até de este título porque a Unesco já se manifestou contra isso. Não é apenas uma questão de bairro. Já é um absurdo em questão de acústica. Imagina 100 pessoas descendo aos berros em um local que fica entre montanhas em uma região com prédios residências. Ninguém desce uma tirolesa calado. E não é só uma, são quatro tirolesas. Eles estão tentando transformar um local de beleza natural em um local de mero entretenimento. Já houve corte nas pedras e a área natural com construção será muito maior. Não é a primeira vez que tentam. Uma beleza natural não precisa dessas interferências", contou.
Além da Renova Urca, o movimento também conta com apoio do Grupo Ação Ecológica (GAE) e da Associação de Moradores da Urca (Amour).
O que diz o Parque Bondinho
Procurado pela reportagem, o Parque Bondinho informou que as obras para as instalações das tirolesas estão totalmente regular, com as licenças necessárias para o desenvolvimento do projeto. De acordo com o grupo, houve uma consulta prévia aos interesses da sociedade civil por meio de organizações junto ao Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca (MoNa).
O Parque Bondinho também ressaltou que cumpriu com todos os requisitos técnicos solicitados pelo Iphan, pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Inovação e Simplificação (SMDEIS). O grupo esclareceu que o projeto foi aprovado para ser executado em áreas dentro do limite do parque onde já foram objeto de outras ações humanas.
A Secretaria Municipal do Ambiente e do Clima chegou a interromper perfurações nas rochas que não estavam previstas no plano inicial do projeto. Sobre o assunto, o Parque Bondinho ressaltou que a interrupção dessa atividade foi acordada com a secretaria visando a obtenção de uma análise adicional, que está em andamento. Porém, o grupo ressaltou que a Geo-Rio já concedeu parecer favorável ao projeto da tirolesa, emitindo a licença para as atividades.
"Esse projeto da tirolesa será um presente para todos os cariocas e brasileiros. Realmente, nós vamos ressignificar o turismo do Brasil colocando a experiência e o turismo em outro patamar. Queria aproveitar para destacar que todas as licenças necessárias para a execução desse projeto foram obtidas em mais de dois anos e meio. Um projeto muito longo e árduo, mas muito bonito. Conseguimos fazer um projeto com toda acessibilidade e com toda sustentabilidade que agregará muito ao Rio de Janeiro a o Brasil. Tenho certeza que algumas pessoas que questionam o projeto se unirão a nós e aplaudirão a tirolesa inaugurada. Será um dia de grande celebração", disse Sandro Fernandes, CEO do Parque Bondinho.
Projeto
O projeto das tirolesas que ligam o Morro do Pão de Açúcar e o da Urca foi apresentado em maio do ano passado, quando o bondinho completou 110 anos. A tirolesa terá uma descida de 755m de extensão podendo chegar a 100 km/h de velocidade, com quatro linhas ligando os morros.
Segundo o Parque Bondinho, os cabos usados no projeto são os mesmos que sustentam os bondinhos. O grupo ainda ressaltou que o projeto aprovado não prevê expansão de área ocupada, tampouco de aumento do total de área construída atualmente do parque.
Os ingressos para a tirolesa serão vendidos prioritariamente pela internet, e a atração exigirá o agendamento prévio de data e horário para sua utilização. Os preços ainda estão sendo analisados pelo grupo. A previsão de inauguração das tirolesas é para o segundo semestre deste ano.
