Na cozinha onde tudo se transforma

Chef da Babilônia toca projeto onde desperdício não faz parte da receita

A paraibana Regina Tchelly está ajudando a transformar a realidade de mulheres na comunidade do Leme
A paraibana Regina Tchelly está ajudando a transformar a realidade de mulheres na comunidade do Leme -

Isca de casca de banana, coxinha de jaca, bolinho de talo de couve, pastel de folhas... esses são alguns quitutes da chef paraibana Regina Tchelly. Fundadora do projeto Favela Orgânica, ela usa na cozinha o alimento de forma integral, sem desperdícios, e repassa seu conhecimento aos moradores da Babilônia e do Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio, em aulas e oficinas, transformando a vida de quem vive nas comunidades.

Regina veio para o Rio com 19 anos. Trabalhou como empregada doméstica por 11 anos, mas o sonho era ser uma cozinheira famosa. Nas feiras da cidade, percebeu que muitas frutas e verduras eram desperdiçadas. "Queria fazer algo que pudesse modificar nossa relação com os alimentos. Dava muita agonia ver tanta comida não aproveitada".

Ao conversar com feirantes, ouvia que os consumidores não ligavam para o desperdício. "De onde venho a gente aproveita tudo". Moradora do Babilônia, ela viu uma chance de aproveitar os alimentos e ensinar à sua comunidade uma forma saudável, criativa e econômica de fazer comida.

Quando apresentou o Favela Orgânica para uma agência que oferecia bolsa de R$ 10 mil para o vencedor, Regina levou um não. "Mas isso não me fez desistir". Assim nasceu o projeto, com apenas R$ 140, obtidos em vaquinha. Na primeira semana, foram seis pessoas, depois 10, 15, 40 pessoas. "Fui ficando conhecida e em 11 meses ganhei um prêmio de mulheres empreendedoras".