Polícia investiga atropelamento que matou mulher em Niterói; família diz que motorista agiu de propósito

Condutor teria passado por duas vezes por cima do corpo de Isabel após uma discussão

Familiares de Isabel Cristina Mendonça, 49 anos, estiveram na 81ªDP (Itaipu) nesta quarta-feira (17)
Familiares de Isabel Cristina Mendonça, 49 anos, estiveram na 81ªDP (Itaipu) nesta quarta-feira (17) -
Rio - A Polícia Civil investiga a morte de Isabel Cristina Mendonça, 49 anos, que foi atropelada durante uma briga com um motorista de um veículo, em Niterói, no último domingo (14). Segundo relatos, o homem obstruía a Rua São Sebastião, no bairro Engenho do Mato, enquanto a vítima passava a pé com o filho de 22 anos. De acordo com a irmã da vítima, Cristiane Mendonça, o condutor, de forma brutal, passou duas vezes por cima do corpo de Isabel e depois fugiu.
As irmãs e os filhos da vítima estiveram, nesta quarta-feira (17), na 81ª DP (Itaipu) para prestar depoimento. Ainda segundo a Polícia Civil, diligências estão em andamento para apurar a dinâmica dos fatos. Os agentes também buscam imagens de câmeras de segurança da região para auxiliar as investigações. O suspeito de cometer o crime já foi identificado. Ele teria anotações criminais por violência doméstica.
Ao DIA, Cristiane, ainda muito abalada, explicou que tudo que sabe foi através do sobrinho, Matheus Henrique, que presenciou a cena. “Ele (o motorista) estava com o carro no meio da rua, debruçado no volante, minha irmã foi falar com ele achando até que ele estava passando mal. Eu não sei o que ela disse, mas ele já puxou o cabelo dela, o filho dela tentou intervir, separou a briga, mas ele (o condutor) deu ré no carro e atropelou ela, depois ele foi para frente e voltou de novo”, contou.
Segundo Matheus, o motorista também teria ameaçado pegar uma arma para matá-los antes do atropelamento. “Nós estávamos voltando de uma lanchonete, aí caminhando nós nos deparamos com um carro parado e um homem dentro, minha mãe perguntou se o cara estava bem, porque aparentemente não estava. Nisso, ele começou a agredir ela, xingar, e eu fui defender, e então entramos em uma briga corporal, só que depois disso a confusão acabou, e fomos para um canto da rua, mas ele continuou parado ali e eu percebi que ele estava já com algum tipo de maldade”, disse.
O filho da vítima explicou que eles estavam perto de casa e que ao perceber que o motorista poderia fazer algo mandou a mãe ir embora, mas não conseguiu impedir a tragédia. “Ele colocou a mão debaixo do banco para pegar a arma, então eu pulei pela janela e segurei a mão dele, para impedir que ele atirasse. Nisso ele engatou a ré enquanto eu ainda estava debruçado no carro, ele escutou o barulho, foi e voltou de novo e fugiu. Sendo que ele não precisava fazer nisso, era só ele fugir, que era o que eu queria que ele fizesse, o caminho de fuga era para frente, na rua, ele deu a ré propositalmente e passou por cima dela”, lamentou.
Após o testemunho do sobrinho, a Cristiane, sem conseguir segurar o choro, contou que busca entender o porquê de tanta atrocidade. “Foi proposital, a gente precisa de imagens do que aconteceu, por que tanta atrocidade? Por mais que houvesse um briga, isso é inadmissível! Toda família está destruída, minha mãe é acamada e chama pela minha irmã o tempo todo, meu sobrinho é autista e sente falta, o Matheus assistiu tudo. Está muito difícil! Precisamos de uma resposta, a gente se sente imponente”, lamentou.

Cristiane relatou também que Isabel morava há 30 anos no mesmo bairro e que era muito conhecida por todos, além de ter um enorme coração. “Minha irmã falava com todo mundo, tratava todo mundo bem, ajudava pessoas com questão social, abria a porta da casa dela, sempre ajudava o próximo, trabalhava com centro comunitário, ia com as pessoas aos médicos. Então eu não entendo, só queremos uma resposta, porque para essa pessoa fazer isso tem que ter um motivo”, disse.

Ainda de acordo com a irmã, a causa da morte foi politraumatismo craniano. “Ela quebrou osso da costela e o pulmão e fígado estouraram, mas se o motorista não tivesse voltado ela não tinha morrido, porque antes não tinha afetado o cérebro, só que ele voltou, o que causou politraumatismo”, lamentou.
Outra irmã da vítima, Isabela Vergílio de Meireles, reforçou que só quer que o motorista seja localizado e preso. “Nada vai trazer ela de volta, mas precisamos entender o porque ela fez isso e precisamos que ele pague pelo que fez. A gente acredita na Justiça! Não foi um atropelamento comum, ele jogou o carro pra cima dela com a intenção de matar, justamente no Dia das Mães e isso foi muito triste, foi atrocidade a forma como ela foi morta, porque morrer a gente morre um dia, mas a forma foi muito bruta”, comentou.

A vítima chegou a ser socorrida ao Hospital Estadual Azevedo Lima, mas não resistiu. O corpo foi sepultado no Cemitério São Lázaro, em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, na tarde desta terça (16).