Caso Jeff: Preso pela morte do ator diz que produtor o avisou que já havia matado outras pessoas

Rio - Em novo depoimento à polícia, Jeander Vinícius da Silva Braga, preso pela morte do ator Jeff Machado, disse que Bruno de Souza Rodrigues, foragido pelo crime, o chantageou e disse a ele que já havia matado outras pessoas.

Segundo a delegada Ellen Souto, responsável pelo caso, Jeander afirmou que antes de ser preso, uma advogada, supostamente paga por Bruno, o orientou a ficar em um hotel, formatar o celular e trocar o chip, porque caso a polícia tivesse acesso às mensagens do aparelho, "daria m*rda”.

Jeander contou também que Bruno o chantageou após o crime. O produtor ameaçou revelar à esposa dele que o marido era garoto de programa.

Ainda em depoimento, Jeander confessou a participação dele e do produtor Bruno de Souza Rodrigues no crime, além de negar a presença de Marcelo, que inicialmente era, segundo a dupla, o assassino de Jeff. 

"É importante ressaltar que aquilo que a investigação já tinha provado tecnicamente, de que Marcelo não existe, o Jeander confirmou. Os três personagens presentes na cena do crime eram a vítima, o Bruno e o Jeander. Segundo ele, o Bruno dopou o Jeff colocando uma substância entorpecente no suco e os três se dirigiram ao quarto do Jefferson. Não chegou sequer haver a filmagem do ato sexual. Tão logo o Jefferson adentrou em seu quarto e foi estrangulado com um fio de telefone pelo Bruno. A investigação segue em andamento. Existem outros fatos a serem esclarecidos", disse Souto.

De acordo com as investigações, a participação de Jeander no crime aconteceu porque o garoto de programa tinha uma relação estreita com o produtor. O homem teria recebido R$ 500 de Bruno para manter a sua versão sobre a participação de um terceiro envolvido.

Bruno Rodrigues é considerado foragido desde a noite de quinta-feira (1º) após a Justiça expedir um mandado de prisão temporária. Na sexta-feira (2), os advogados do produtor estiveram na sede da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, mas não deram informações sobre o paradeiro do cliente. O produtor foi indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

O Disque Denúncia divulgou, no sábado (3), um cartaz para ajudar nas investigações da DDPA pedindo informações que levem à prisão de Bruno.

A delegada conseguiu identificar que o homicídio envolveu questões financeiras de Bruno. De acordo com a titular da DDPA, o produtor estaria com medo do que Jeff poderia fazer após o ator perceber que não tinha nenhuma gravação de novela, mesmo com o pagamento de R$ 20 mil. O assassinato teria sido motivado como forma de acobertar uma possível desmoralização que a vítima poderia causar contra ele depois de entender que Bruno não tinha nenhuma ligação com emissoras de TV.

"Nós podemos dar como motivação exclusivamente a questão financeira diante do valor que Jefferson teria pago para conseguir a vaga nessa novela, cerca de R$ 20 mil, que seria cobrado por ele uma vez que ele não iniciaria nenhuma gravação. Ainda há o receio dele ser desmoralizado, uma vez que o Bruno se apresentava como assistente de direção e uma pessoa influente no meio artístico", disse a delegada.

O corpo de Jeff foi encontrado no último dia 22 dentro de um baú enterrado e concretado a dois metros de profundidade em uma casa alugada por Bruno, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

O imóvel foi alugado pelo produtor em dezembro do ano passado, um mês antes do desaparecimento do ator.