Mulher que mandou bombons envenenados para cuidadora de idosos vira ré por homicídio qualificado

Susane Martins da Silva também irá responder pelos crimes de corrupção de menores e porte ilegal de arma de fogo; Lindaci Carvalho morreu em maio deste ano

Susane Martins da Silva foi presa no dia 24 de maio em Acari, na Zona Norte do Rio
Susane Martins da Silva foi presa no dia 24 de maio em Acari, na Zona Norte do Rio -
Rio - A juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, aceitou, nesta sexta-feira (23), a denúncia do Ministério Público do Rio contra Susane Martins da Silva, acusada de mandar bombons envenenados que mataram Lindaci Viegas Batista de Carvalho em maio deste ano. Com a decisão, a mulher virou ré pelo crimes de homicídio duplamente qualificado, corrupção de menores e porte ilegal de arma de fogo, além de ter sua prisão convertida para preventiva.
Segundo a magistrada, a substituição da prisão por medidas cautelares não é válida por causa da gravidade dos delitos cometidos por Susane. Para Roidis, há provas da existência do crime e os indícios da autoria da acusada estão presentes no processo com base nas declarações prestadas em sede policial e pelo laudo de necropsia. 
"Os fatos narrados na denúncia exigem cautela por parte do julgador, pois relatam crime grave que chocou os moradores desta cidade e incrementou a situação de insegurança coletiva, de modo que a prisão se faz necessária para restaurar a ordem pública local. Há diversos documentos nos autos que demonstram o comportamento agressivo da ré, a qual teria proferido ameaças contra a testemunha Mário Sérgio e, posteriormente aos fatos, teria ameaçado a testemunha Lucas David, o mototaxista que teria entregue o material envenenado para a vítima, de modo que se impõe a necessidade de preservação da fonte testemunhal de prova, com a garantia de um ambiente de tranquilidade, livre de qualquer influência ou temor, que certamente seria impossível de garantir, senão pela manutenção de sua custódia cautelar", escreveu a juíza.
Alessandra ainda destacou que foi apreendida uma arma de fogo durante um cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de Susane, a qual teria sido utilizada por ela para ameaçar Mário Sérgio, seu ex-companheiro, que teve um relacionamento com Lindaci. 
De acordo com a juíza, a ré não comprovou residência fixa e trabalho lícito até o momento, "o que
demonstra o risco de que, em liberdade, possa prejudicar eventual necessidade de aplicação da lei penal", completou na decisão.
Relembre o caso
Susane foi presa no dia 24 de maio por agentes da 20ª DP (Vila Isabel) em Acari, na Zona Norte do Rio, no mesmo local onde ela contratou o motoboy Lucas David para fazer a entrega dos bombons envenenados que mataram a cuidadora de idosos Lindaci Carvalho.
As investigações tiveram início após a família da vítima denunciar um possível envenenamento devido a um alerta feito por uma médica do Hospital Federal do Andaraí, para onde Lindaci foi levada depois de passar mal no dia 20 do mesmo mês. A vítima recebeu a entrega pelo motoboy no dia de seu aniversário. Os bombons chegaram junto com um buquê de flores em nome de uma pessoa anônima.
Em depoimento, o entregador explicou que foi solicitado por um menino, identificado como filho de Susane, que teria descido de um veículo Renault Duster de cor preta e contratado a entrega pelo valor de R$ 90. Durante o caminho, ele contou também que recebeu uma mensagem via WhatsApp o informando que a pessoa a receber o "presente" seria Lindaci. O motoboy também relatou que recebeu ameaças para afirmar para a vítima que o presente teria sido enviado por um homem alto e negro.
O crime teria sido motivado por ciúmes. Isso porque Lindaci teve um relacionamento amoroso com Mário Sérgio por quatro anos, que é também ex-companheiro de Susane. Entre um relacionamento conturbado de Susane e Mário, com idas e vindas, a suspeita sempre desconfiou de que ele a traía com a ex, Lindaci, e resolveu se vingar justamente no dia do aniversário dela para não chamar a atenção.