Rio - O BioParque divulgou, nesta quinta-feira (13), o laudo de necropsia elaborado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) que aponta a doença responsável pela morte de uma girafa no último sábado (8). Segundo o zoológico, o documento indica que a morte foi ocasionada por acidose láctica ruminal, que é um distúrbio metabólico de ruminantes. O laudo, no entanto, não esclarece a causa da doença.
O animal fazia parte das 18 girafas trazidas em novembro de 2021. No ano passado, três outros animais do mesmo grupo também morreram no Resort e Safári Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde. Segundo Daniel Guimarães Ubiali, professor do setor de Anatomia Patológica (SAP) da UFRRJ, a doença metabólica é nutricional e ocorre em função da alimentação dada ao animal.
"É a sobrecarga de carboidratos de rápida fermentação. Por ser uma doença nutricional aguda, não tem relação com o extremo estresse que esse animal foi submetido na chegada ao Brasil", disse Ubiali.
Ainda de acordo com o BioParque, a unidade segue em busca de uma conclusão mais precisa sobre o que teria vitimado a girafa. "O parque reitera mais uma vez o seu pesar pela perda e segue comprometido com o bem estar dos animais e em esclarecer com transparência os fatos relacionados ao ocorrido aos órgãos competentes e a sociedade", diz a nota.
No comunicado do falecimento do animal, o parque havia informado que, durante os exames de rotina, a equipe identificou o parasita Haemoncus sp em seis animais. "O comitê técnico, formado por seis médicos veterinários, imediatamente iniciou um protocolo medicamentoso, colocando os animais em recinto isolado e sob observação intensiva. Cinco animais responderam rapidamente ao tratamento. Todavia, um deles apresentou resistência ao medicamento", diz a nota.
Entenda o caso
Em 11 de novembro de 2021, as 18 girafas chegaram ao aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, em um avião Boeing 747-200 cargueiro (Jumbo) fretado para trazê-las da África do Sul ao Brasil. O desembarque dos animais ocorreu no Terminal de Carga do aeroporto, sendo acompanhado por servidores do Ibama, da Receita Federal, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e de técnicos do próprio BioParque.
Depois, os animais foram transportados para uma área em Mangaratiba, onde ficariam temporariamente aguardando transferência para o BioParque. Contudo, em 14 de dezembro, cinco girafas fugiram do confinamento e, após a recaptura, três morreram. A causa da morte teria sido uma doença muscular, chamada miopatia, conforme atestado no laudo de necropsia elaborado por veterinários do próprio BioParque.
De acordo com a denúncia, a doença que levou os animais à morte decorreu do intenso sofrimento e extremo estresse. "As girafas, após serem retiradas da natureza, estavam em cubículos, chegando cada uma a ficar em um espaço de 10 m², situação de confinamento claustrofóbico ao qual foram submetidas durante a fase de ambientação", sustentou o procurador da República Jaime Mitropoulos, na peça acusatória.
Em março deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou quatro pessoas envolvidas na importação das girafas, entre eles o gerente técnico e o diretor de operações do BioParque por maus-tratos.