Caso de jovem encontrado morto próximo à clínica em que se tratava em Itaboraí é investigado

Patrick Cardoso Fonseca foi encontrado enforcado em uma árvore, no último dia 2 de julho, próximo a clínica em que se tratava. Caso foi registrado como suicídio, mas família acredita na hipótese de crime

Patrick Cardoso Fonseca foi achado enforcado, dia 2 de julho, próximo a clínica em que se tratava
Patrick Cardoso Fonseca foi achado enforcado, dia 2 de julho, próximo a clínica em que se tratava -
Rio - A Polícia Civil está investigando a morte do jovem Patrick Cardoso Fonseca, de 26 anos, encontrado morto enforcado em uma árvore, no última de 2 de julho, em uma área de mata próxima a Clínica de Reabilitação Alpha, onde se tratava, em Itaboraí. De acordo com a 71ª DP (Itaboraí), o caso foi registrado como suicídio, no entanto, a família acredita na hipótese de que Patrick teria vítima de um crime.
No início da tarde desta quarta-feira (19), a mãe do jovem prestou depoimento na distrital e afirmou que o filho seria mantido na clínica mesmo após sua alta, devido a supostos valores extras não previstos no contrato de prestação de serviço da clínica. Ainda segundo a mãe, o dono se aproveitou da vulnerabilidade de Patrick, utilizando uma 'mensalidade de saída', para mantê-lo no local, garantindo assim o pagamento dos valores.
No depoimento, foi revelado que Patrick foi proibido de fazer uma ligação para a sua mãe no dia 29 de julho pelo dono da clínica e foi medicado devido a uma crise de ansiedade. O remédio utilizado e sua dosagem não foram informados a mãe. No dia seguinte, ela foi informada de que o jovem havia fugido da clínica e após dois dias, ele foi encontrado enforcado em uma área de mata próxima ao local onde ele se tratava.
Através de mensagens por redes sociais, disponibilizadas ao DIA pelo advogado da família, Jairo Magalhães, o rapaz conversou com a mãe dias antes de sua morte e alertou que seria feito de escravo. "Não ouve nesse cara [o dono da clínica]. Vão tentar te manipular. Ele vai querer me usar como escravo. Faltam dez dias. Faltam dez dias [para a alta]", escreveu.
De acordo com o advogado, a morte de Patrick levanta suspeitas pela forma como corda havia sido colocada em seu pescoço e a ausência de lesões nas mãos devido ao enforcamento. "A mãe sempre tinha contato com o filho, apesar de morar fora. Ela morava na Inglaterra. Ele foi criado fora do país e depois veio morar com avó no Brasil. No início da pandemia, ela veio a falecer de câncer. Após isso ele foi internado na clínica, mas mesmo sendo maior de idade, a mãe sempre foi responsável por ele", explicou a defesa. 
"Ele estava sob a guarda e a responsabilidade da clínica, que tem o muro baixo e nenhuma estrutura para cuidar de casos como o dele", concluiu o advogado.
A clínica de reabilitação
A Clínica de Reabilitação Alpha mantém seu serviço ativo desde agosto de 2022, realizando atividades de 'assistência psicossocial e à saúde a portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental e dependência química'. Localizada na área rural de Itaboraí, no bairro Vila Rica, o estabelecimento fica isolado, sem casas por perto e próximo de uma área de mata.
Apesar das funções, o inquérito policial apontou que a clínica não oferecia laudos sobre o estado de seus pacientes e o andamento de seus tratamentos.
Procurada pelo DIA, a Clínica de Reabilitação Alpha ainda não se manifestou sobre o ocorrido. O espaço segue em aberto para esclarecimentos.