Em busca do recomeço

Guerra entre Hamas e Israel faz repatriados deixarem os seus planos para trás

Jovens estudantes precisaram voltar de Israel antes de concluírem os estudos por causa do conflito
Jovens estudantes precisaram voltar de Israel antes de concluírem os estudos por causa do conflito -

Na última segunda-feira, pousou no Aeroporto do Galeão o oitavo e último voo de repatriação de brasileiros em Israel, enviado pela Força Aérea Brasileira (FAB) na Operação Voltando em Paz, com 209 passageiros, incluindo 12 crianças. O grupo fugiu da guerra entre Israel e o grupo islâmico Hamas, iniciada em 7 de outubro.

"Meus pais estavam muito preocupados aqui no Brasil, então a decisão de eu voltar foi deles", desabafou a estudante Hana Levi, de 17 anos, que estava orando numa sinagoga da cidade de Haifa quando o Hamas iniciou os ataques.

Por ser sábado, chamado pelos judaicos de "Shabat", dia dedicado ao descanso, os judeus, entre outras restrições, não trabalham e não podem utilizar o telefone. Por isso, Hana estranhou quando viu uma movimentação estranha no meio da reza, com pessoas fazendo uso do celular e também indo embora da sinagoga, principalmente homens. Ela sabia que algo grave estava acontecendo.

Em companhia da amiga Raquel Zeitouni, 17, também brasileira e intercambista, voltou para a casa da família israelense onde estavam hospedadas para o feriado de Sucot, também conhecido como "Festa dos Tabernáculos" ou "Festa das Cabanas" (ela e Raquel moram na cidade de Kfar Saba, na região central).

Com medo, Raquel e Hana ainda ficaram uma semana em Haifa, apenas com a roupa do corpo. Ensaiaram uma saída para levar doações para uma família que havia chegado do Sul, mas a sirene de alerta tocou no meio do caminho, e elas tiveram que se abrigar em um prédio em obras. Por conta do temor, voltaram para casa correndo. Só saíram de lá quando uma tia de Hana as buscou de ônibus e as levou para outra cidade: "Começamos a tremer e ficamos muito assustadas. Só confiamos na vinda da tia de Hana, pois tínhamos muito medo de infiltração de combatentes do Hamas dentro do território israelense", diz Raquel.

A jovem retornou ao Brasil no mesmo voo da Força Aérea Brasileira em que estava Hana: "A ideia da minha volta teve que ser amadurecida pelos meus pais".