Saneamento é básico

Após 40 anos, comunidade de Acari vê saneamento básico chegar e conquista dignidade

ANTES:
Dona Maria Amélia convivia com esgoto a céu aberto na porta de sua casa, na Comunidade do Amarelinho
ANTES: Dona Maria Amélia convivia com esgoto a céu aberto na porta de sua casa, na Comunidade do Amarelinho -

Dona Maria Amélia adora plantas. Mas, durante muitos anos, a porta de sua casa, que poderia ter um jardim, era ocupada por uma paisagem bem menos agradável. Por ali, corria um esgoto a céu aberto que, além do intenso mau cheiro, atraía convidados indesejáveis: ratos e insetos.

"O cheiro era horrível. Os ratos faziam buracos no pé do muro, onde o esgoto passava. E eles vinham para cá, eu tinha que colocar pano debaixo da porta, para eles não entrarem para dentro de casa. E, no verão, era ainda pior, ficava cheio de ratos aqui. E fedia... Eu vivia com as janelas fechadas, não podia abrir nada. Horrível! Já me deu vontade até de sair daqui, mas eu não tinha para onde ir", lembra com tristeza a dona de casa.

Foram 40 anos, até que a moradora da comunidade do Amarelinho, em Acari, Zona Norte do Rio, pudesse presenciar a chegada de saneamento básico à sua região e a instalação de redes de esgoto pela Águas do Rio. Com a vida transformada, recuperou a dignidade e pôde ver seu jardim florescer.

A região não contava com infraestrutura adequada de coleta e tratamento de esgoto, que era despejado em valas improvisadas por moradores e, em alguns pontos, lançado diretamente a céu aberto. As obras dentro da comunidade resultaram na implementação de 150 metros de rede de esgoto, que interligaram mais de 200 residências a essa nova estrutura.

Vizinho de Maria Amélia, o aposentado Geraldo Coelho conta que se mudou para a comunidade há 40 anos. E durante todo esse tempo, viu a região crescer e se desenvolver sem saneamento. Segundo ele, eram os próprios moradores que instalavam suas redes para lançar o esgoto nas valas.

"Em 1983, vim para cá. Dia 14 de setembro. E sempre foi assim, era o morador mesmo que colocava a tubulação. Antes das obras da Águas do Rio, eu nunca tinha visto o esgoto indo para uma rede adequada. Agora ficou legal, 100%. Está aprovado", comemora.

Maria Amélia e Geraldo estão entre os cerca de mil moradores de Acari beneficiados com a implantação do sistema de esgoto, que inclui a recuperação de elevatórias - estações de bombeamento - que estavam inoperantes e foram reativadas. O trabalho também foi realizado em outros 12 boosters de comunidades da região, sendo oito em Vigário Geral e quatro em Parada de Lucas.

Ali perto, em Ramos, na comunidade Parque União (que integra o Complexo da Maré) foram implantados 85 metros de rede de esgoto e poços de visita. Além disso, um trecho da rede foi remanejado, permitindo sua interligação à rede coletora da comunidade. Com essa intervenção, 216 pessoas foram beneficiadas. Já na Nova Holanda, a substituição de um trecho de rede beneficiou 200 pessoas. E no Morro do Timbau, a extensão da rede de esgoto foi benéfica para 360 pessoas.

"Resolvemos um problema que durava mais de quatro décadas e é muito gratificante saber que mudamos, para melhor, a vida de tantos moradores. O nosso trabalho continua para levar mais qualidade de vida a outras pessoas", disse o coordenador de Operações da Águas do Rio, Heverton Oliveira.

A todos que chegam, uma orgulhosa Maria Amélia mostra seu jardim.

"Agora tenho um monte de plantas, um jardim cheio delas. Estou feliz, graças a Deus. Gostei!", celebra.