Ministério Público vai recorrer da absolvição dos policiais envolvidos na morte

Resultado do julgamento também será contestado pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio

João Pedro Mattos Pinto foi morto com um tiro de fuzil, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo
João Pedro Mattos Pinto foi morto com um tiro de fuzil, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo -
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio informaram nesta quarta-feira (10) que recorrerão da absolvição dos três policiais civis acusados de matar o adolescente João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.

A Justiça do Rio entendeu que os réus agiram em legítima defesa. No entanto, o MPRJ e o Nudedh argumentam que a sentença desconsiderou provas técnicas e testemunhais que indicam o contrário.

Segundo o Nudedh, que representa a família de João Pedro, a sentença não observou as provas técnicas e testemunhais apresentadas no processo. "Dessa forma, subtraiu a competência constitucional do Júri Popular para o julgamento da causa", afirmou.

O Nudedh também ressalta que a sentença contraria a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal, que determinam investigações independentes e perícias autônomas em casos de morte provocada por agentes do Estado.

Por sua vez, a Justiça do Rio afirma que os autos do processo apontam que os agentes entraram na casa de João Pedro em perseguição a criminosos armados que atiraram um artefato explosivo contra eles. A magistrada afirma que os agentes usaram meios necessários para responder ao ataque dos criminosos e que não houve intenção de matar o adolescente.

A família de João Pedro recebeu a decisão com indignação e a descreveu como "absurda". Os parentes esperavam que os policiais fossem levados a júri popular e condenados. A mãe da vítima, Rafaela Mattos, afirmou que eles vão recorrer da decisão.

Lembre o caso

João Pedro foi morto durante uma operação no Complexo do Salgueiro, quando brincava com amigos na casa dos tios. Segundo testemunhas, os agentes entraram atirando na residência e o adolescente foi atingido por um disparo de fuzil. O corpo do menino só foi encontrado horas depois pela família no Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo.
João Pedro Mattos Pinto foi morto com um tiro de fuzil, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo
João Pedro Mattos Pinto foi morto com um tiro de fuzil, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo Reprodução/Redes sociais