Absolvição de PM causa indignação

Ativistas e instituições lamentam decisão do júri popular no Caso Ágatha Félix

Júri entendeu que o PM Rodrigo José de Matos Soares não teve a intenção de matar Ágatha Félix.
Júri entendeu que o PM Rodrigo José de Matos Soares não teve a intenção de matar Ágatha Félix. -

A absolvição do policial militar Rodrigo José Matos Soares, autor do disparo que matou Ágatha Félix, de 8 anos, em 2019, provocou indignação em ativistas e instituições pelos direitos humanos e políticos. O julgamento do cabo aconteceu entre sexta-feira e a madrugada de ontem, cinco anos após o crime, e o júri popular - composto de cinco homens e duas mulheres - entendeu que ele não teve a intenção de matar a menina. O Ministério Público do Rio (MPRJ) e a defesa da família vão recorrer da decisão.

O MPRJ informou, em nota, que a 1ª Promotoria de Justiça "respeita a decisão dos jurados e interpôs recurso". Assistente de acusação no julgamento, o advogado da família e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rodrigo Mondego, escreveu em uma publicação que estava sentindo frustração, vergonha, nojo e tristeza, após a decisão do júri. "Estou com um sentimento de tristeza e nojo dessa sociedade que aceita mansamente a morte de crianças", disse ele, que ainda pediu desculpas aos familiares da menina: 

"O que mais quero é pedir PERDÃO para a família da Ágatha. Perdão pois como profissional, junto com minhas colegas, mesmo dando o nosso melhor, não conseguimos a condenação do réu. Nosso perdão também como sociedade, tenho vergonha de fazer parte dessa sociedade asquerosa que respalda violência Estado ao ponto de absolver quem é responsável pela morte de uma criança de 8 anos". Mondego afirmou ainda que vai recorrer.

Em uma nota publicada nas redes sociais, a ONG Rio de Paz disse que, desde 2007, contabiliza casos como o de Ágatha e que, na maioria das vezes, o assassino sequer é identificado. "E agora temos mais esse exemplo: quando o acuso vai a júri, é absolvido". A organização criticou a maneira como crianças negras das favelas são tratadas atualmente e lamentou o resultado do julgamento.