Caso Patrícia Amieiro: júri popular é adiado pela segunda vez

Engenheira sumiu em 2008 depois de voltar de uma festa. Quatro PMs são réus no processo

Patrícia Amieiro foi morta após seu carro ser alvo de disparos dados por policiais militares
Patrícia Amieiro foi morta após seu carro ser alvo de disparos dados por policiais militares -
Rio - A Justiça do Rio adiou o julgamento dos quatro PMs envolvidos na morte da engenheira Patrícia Amieiro que estava marcado para esta terça-feira (11) no Tribunal do Júri. A decisão pela mudança de data foi proferida, nesta segunda-feira (10), após o Ministério Público do Rio (MPRJ) entrar com recurso. O júri ainda não tem nova data definida. 
O pedido do MP em segunda instância barra decisão da Justiça que impedia a inclusão do depoimento de um taxista, considerado pela defesa testemunha-chave. Segundo o recurso do órgão, a falta da fala da testemunha causaria um "enorme prejuízo" ao processo. 
Os procuradores do órgão também argumentaram que o adiamento do júri não afeta os réus, uma vez que os PMs respondem em liberdade pelo processo criminal. Na última sexta-feira, a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis havia alegado que as novas provas não seriam consideradas no julgamento.
A partir dessa negativa, o MP enviou novo pedido à magistrada informando que a intimação da testemunha já estava aprovada pela 1ª Vara Criminal. Contudo, esse pedido foi negado e o órgão decidiu partir para a segunda instância. 
O primeiro adiamento do júri popular aconteceu em junho do ano passado, mês em que o crime completaria 16 anos. À época, o motivo para a remarcação era justamente o surgimento da nova testemunha, o taxista que garantiu ter presenciado o crime dos PMs contra Patrícia. O relato chegou à acusação em 2020. 
São réus nesse júri os PMs Marcos Paulo Nogueira Maranhão e Willian Luís Nascimento, que vão responder por tentativa de homicídio. Além deles, os policiais Márcio Oliveira dos Santos e Fábio Silveira Santana serão julgados por fraude processual. 
Marcos Paulo e Willian já haviam sido condenados em 2019, no primeiro julgamento do caso, pelo crime de fraude processual, mas inocentados das acusações de tentativa de homicídio. A pena deles foi de três anos e 60 dias de prisão pelos sete jurados que participaram do Conselho de Sentença do 1º Tribunal do Júri da Capital.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio, o caso será analisado pela 8ª Câmara Criminal, que deve definir uma nova data. 
Relembre o caso
Patrícia Amieiro é considerada desaparecida em junho de 2008, quando tinha 24 anos. Na ocasião, ela voltava de carro de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul do Rio. A engenheira seguia para casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, quando, na saída do Túnel do Joa, o veículo dela teria sido confundido com o de um traficante e os PMs atiraram.

O automóvel foi encontrado a poucos metros de distância no Canal de Marapendi. Para o Ministério Público estadual (MPRJ), que acusa os PMs, o corpo da engenheira foi retirado do veículo, que foi jogado no canal pelos policiais para encobrir o crime. Ela foi declarada morta em 2011.

O caso foi tratado, inicialmente, como acidente de carro com desaparecimento do corpo, mas passou a ser visto como homicídio após peritos encontrarem marcas de tiros no automóvel.
Patrícia Amieiro foi morta após seu carro ser alvo de disparos dados por policiais militares, de acordo com o MP
Patrícia Amieiro foi morta após seu carro ser alvo de disparos dados por policiais militares, de acordo com o MP Reprodução