Samba diz adeus a uma lenda

A Feijoada do Cacique de Ramos, ontem, em Olaria, foi marcada por homenagens a Bira Presidente, fundador da agremiação, que morreu na noite do último sábado. Os organizadores do evento mantiveram a tradicional roda de samba, mas apenas para o almoço, com um tributo acústico de tom baixo, em solenidade.

Sidney Machado, o Chopp, diretor de Harmonia do Cacique de Ramos desde a sua fundação, se despediu do amigo. "Todos nós estamos muito caídos, muito chateados, mas Deus sabe o que faz. Chegou o momento dele e ele foi. Estamos sempre juntos aqui, só pensando nele, e hoje, então, vai ser um domingo horrível", disse.

Bira morreu por causa de complicações relacionadas ao câncer de próstata e ao Alzheimer. Personalidades da música em todo o Brasil lamentaram. O velório e o enterro serão realizados hoje, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.

Cacique e Fundo de Quintal

Ubirajara Félix do Nascimento nasceu em 23 de março de 1937 e começou a frequentar as rodas de samba ainda na infância. Fundou em 20 de janeiro de 1961 o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, no subúrbio carioca, que tem como padroeiro São Sebastião e fortes ligações com a Umbanda. Nomes como Almir Guineto, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz foram projetados no mundo do samba pelo Cacique.

No fim da década de 1970, criou o Fundo de Quintal, grupo que se tornou uma das maiores referências do samba brasileiro. Passaram pelo grupo Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Walter Sete Cordas, Mario Sergio, Almir Guineto e outros.