Rio – A família da brasileira que caiu de uma trilha na Indonésia, na noite desta sexta-feira (19), acusa o governo do país asiático de divulgar informações falsas sobre um suposto suporte à turista. A publicitária Juliana Marins, de 26 anos, natural de Niterói, na Região Metropolitana, estaria desaparecida, sem sequer ser avistada por outros visitantes, como vinha acontecendo.
Imagens de drone mostram turista de Niterói com dificuldades para se locomover após cair de trilha em região montanhosa na Indonésia.
— Jornal O Dia (@jornalodia) June 21, 2025
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Na manhã deste sábado (21), a Embaixada do Brasil em Jacarta, capital da Indonésia, repassou informações dando conta de que um montanhista havia chegado ao ponto onde estava Juliana, uma área íngreme e de difícil acesso próxima a um penhasco, cerca de 16 horas após o acidente, ocorrido por volta das 19h de sexta-feira (20), pelo horário de Brasília.
O homem teria estabilizado a brasileira em uma maca e lhe dado água e alimento. Sobre o resgate, o informe dizia apenas que a ação ocorreria “assim que possível”, mas não especificava o porquê da espera.
Já na madrugada deste domingo (22), Mariana Marins, irmã de Juliana, procurou a reportagem de O DIA para afirmar que tais dados são inverídicos: “Recebemos, com muita preocupação e apreensão, que não é verdadeira a informação que a equipe de resgate levou comida, água e agasalho para a Juliana, conforme divulgado pelas autoridades indonésias e pela Embaixada do Brasil em Jacarta”.
Segundo Mariana, o socorro não chegou à publicitária devido ao comprimento insuficiente das cordas usadas e da baixa visibilidade no local - a temperatura por lá neste domingo é de 22º. A família alega que chegou a receber imagens do suposto resgate, que também não seriam verdadeiras.
Mariana contou que a situação é ainda mais preocupante porque a irmã não está mais no ponto da região montanhosa em que ficou sentada por horas e de onde vinha sendo filmada por outros turistas. Ela também enviou ao DIA uma mensagem que seria da Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia, conhecida pela sigla Basarnas.
O texto diz que uma equipe de resgate desceu cerca de 300 metros e não encontrou Juliana. Os montanhistas teriam chamado pela brasileira e usado um drone para localizá-la, porém, sem constatar a presença de alguém: “Ela foi vista pela última vez ontem (sábado) às 17h30 por um vídeo, mas não segue mais nesse local. Está desaparecida”, acrescentou Mariana.
Entretanto, a Basarnas ponderou que, no momento, não é possível afirmar que Juliana está desaparecida. A agência ressaltou que segue “realizando buscas exaustivas” e que informará a Embaixada brasileira assim que tiver atualizações.
O caso
Juliana fazia o passeio por meio da empresa de turismo Ryan Tour pelo vulcão Rinjani, em Lombok, ilha na Indonésia - que tem um fuso horário de 10 horas á frente do Brasil. A brasileira ficaria de sexta (20) a domingo (22) na região. A trilha integrava um passeio conhecido como mochilão, no qual ela estava desde fevereiro, com passagens por por outros países asiáticos como Filipinas, Vietnã e Tailândia.
Cerca de três horas depois da queda, um grupo de turistas espanhóis avistou a brasileira e passou a monitorá-la, fazendo fotos e vídeos, inclusive com uso de drone - veja no vídeo acima. As imagens mostram Juliana sentada em uma área inclinada, aparentemente com dificuldade de se levantar e retornar à trilha.
Eles localizaram Juliana nas redes sociais, e foi assim que a família tomou conhecimento do caso e conseguiu contato com o grupo neste sábado. Mesmo assim, as notícias ainda eram escassas, o que só aumentava a angústia da família: “Não se sabe se ela quebrou algum osso, porque ela não consegue se levantar. Ela não se mexia. O máximo que conseguia era movimentar os braços”, descreveu Mariana, com base nas imagens enviadas pelos espanhóis.
Ainda segundo informações recebidas pela irmã de Juliana, a situação da turista ficou mais delicada após a passagem de uma neblina: “Eles (turistas espanhóis) ficaram horas sem ver a Juliana. A neblina molhou muito o solo, minha irmã passou a escorregar. E depois que a neblina sumiu, ela já estava bem mais abaixo na montanha, muito próxima do precipício”. O DIA fez contato com a Embaixada do Brasil em Jacarta e com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e aguarda retorno.