Trio é preso por coleta ilegal e venda de sangue de gatos

Material era repassado para uma clínica em São José do Rio Preto, no interior de SP

Uma fêmea apresentava doença imunológica
Uma fêmea apresentava doença imunológica -
São Paulo - Um estudante de veterinária, de 37 anos, e duas auxiliares, de 42 e 50 anos, foram presos por um esquema de colete clandestina de sangue de gatos. O caso aconteceu em Monte Alto, no interior de São Paulo.
Uma publicação nas redes sociais indicava que o grupo oferecia o valor de R$ 50 para quem disponibilizasse os animais para a coleta de sangue. Depois disso, os suspeitos enviavam o material para uma clínica veterinária em São José do Rio Preto, que realizava transfusões.
De acordo com a Prefeitura, o estabelecimento pagava R$ 500 por cada frasco do sangue dos felinos, sendo R$ 300 para o estudante de veterinária e R$ 100 para cada uma das auxiliares. A clínica também é investigada.
Ação
A Guarda Civil Municipal, junto a uma veterinária do município e a Polícia Científica, foi à casa onde aconteciam os procedimentos no último sábado (4). Lá, eles encontraram os três suspeitos com luvas e trajes veterinários, além da proprietária da residência e outra mulher, que seria o contato com a clínica de São Jose do Rio Preto.
Eles tentaram afirmar que não ofereciam este tipo de serviço, mas a polícia entendia que já possuía provas suficientes para constatar a veracidade da denúncia.
Segundo a veterinária que acompanhou as autoridades, trata-se de "uma ação irregular, numa situação insalubre. Tudo indica que os gatos eram anestesiados com uma dose altíssima de medicamento, sem levar em conta o peso deles".
"Não tinha balança, equipamentos, nem um veterinário responsável no local. Não tinha nada", completou.
Uma das gatas, despertou e tentou escapar; conseguiram contê-la, pois o animal estava desorientado e abatido. "A gatinha estava cianótica, hipotensa, hipotérmica e eu tive que correr com ela", comentou a profissional, ao levá-la para atendimento.
A dona da casa e a mulher que negociava com a clínica irão responder em liberdade.
Gata com doença
Na segunda-feira (6), a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município (SAMA) informou que, dentre os 3 gatos recolhidos, tratados e testados, uma fêmea testou positivo para FIV – o que reflete, mais uma vez, a falta de critérios e os riscos envolvidos nos procedimentos que foram interrompidos em Monte Alto.
Os demais ainda farão outros exames. Mais três felinos, tratados pela proprietária da casa, estão sendo procurados para testes.
A imunodeficiência felina, também denominada de FIV, é causada por um vírus que é semelhante ao HIV humano. A FIV não é transmissível a humanos e animais de outras espécies – porém, pode ser transmitida a outros gatos, pela saliva ou sangue.
A doença viral ataca o sistema imunológico de gatos, tornando-os mais vulneráveis a infecções e outras doenças secundárias.
Não há cura, mas com acompanhamento veterinário, boa nutrição e manejo adequado, gatos com FIV podem viver uma vida longa e saudável, sendo importante evitar que entrem em contato com gatos sem a doença e mantê-los seguros em casa.