Saneamento chega e a desigualdade recua

Tarifa Social e subsídio cruzado garantem acesso a serviços de água e esgoto

"Passei muito tempo sofrendo com a falta d'água; era até difícil escovar os dentes ou preparar uma refeição". O relato, que ainda resume a vida de milhares de pessoas no Rio de Janeiro, é de Janaina da Silva, de 50 anos, nascida e criada no Morro da Barão, na Praça Seca, Zona Norte da cidade. Em 2025, a realidade dela e da sua família mudou, após novas redes chegarem até ali: "Hoje, a água chega com força e regularidade, um alívio imenso", conta a auxiliar de serviços gerais. Ela está entre os 2 milhões de clientes inscritos na Tarifa Social da Águas do Rio e paga R$ 29 na sua conta mensal. Desde o início da concessão, há quatro anos, o número de beneficiados pelo desconto destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade social cresceu 110%.

O avanço do benefício acompanhou o trabalho das equipes para ampliar o acesso à água tratada e regularizada nas 27 cidades da área de atuação da concessionária. Em quatro anos, 621 mil pessoas passaram a receber água regularizada pela primeira vez, um marco relevante, embora o desafio e a jornada ainda sejam grandes. Segundo o Marco Legal do Saneamento, a meta é que todos tenham água tratada na torneira até 2033, a chamada universalização do serviço.

Para crianças, idosos e comunidades inteiras, chegar a essa meta significa proteção contra doenças, mais conforto e qualidade de vida. E para que esse impacto alcance ainda mais pessoas, a concessionária mantém sua aposta no subsídio cruzado, um mecanismo que utiliza receitas de áreas com maior capacidade de pagamento para financiar não apenas as obras em locais historicamente esquecidos, mas, também, o benefício da Tarifa Social.

"Milhares de pessoas passaram a contar, pela primeira vez, com fornecimento contínuo de água, como é o caso da dona Janaina, da Praça Seca. Aliás, não se trata apenas de água e esgoto; mas de transformar realidades. Quando levamos saneamento a quem mais precisa, promovemos o desenvolvimento social, fortalecemos a educação e geramos oportunidades, enfim, um ciclo virtuoso para todo o estado", afirmou Anselmo Leal, presidente da Águas do Rio, empresa do grupo Aegea.

Na Baixada Fluminense, em São João de Meriti, mais de 20 sistemas de bombeamento foram instalados em pontos estratégicos, beneficiando 123 mil moradores, muitos vivendo nas áreas mais elevadas da cidade. Cerca de 40 km de novas tubulações também estão garantindo o fornecimento contínuo a 20 mil famílias que passaram a receber água tratada com regularidade. No bairro Parque Araruama, a moradora Julia Santana conta sobre o que mudou no cotidiano:

"Chegamos a ficar semanas sem cair água em casa, mas, com as melhorias e a instalação da bomba no pé do morro, agora temos pressão suficiente para encher a caixa sem depender da vizinhança nem usar equipamento elétrico."

Nos últimos quatro anos, mais de 10 milhões de moradores foram atendidos na área de concessão, com investimentos que somam R$ 5,1 bilhões. Até o fim do contrato, que é de 35 anos, o valor chegará a R$ 40 bilhões. Antes disso, até 2033, prazo previsto no Marco Legal do Saneamento para a universalização dos serviços, o aporte será de R$ 19 bilhões.

Obras de coleta e tratamento de esgoto

Na Baixada Fluminense, uma região historicamente marcada pela falta de infraestrutura, estão sendo investidos R$750 milhões em obras inéditas de esgotamento sanitário. Mais de 700 quilômetros de tubulações de esgoto estão sendo instalados em Japeri e Queimados, e a futura ETE Queimados será capaz de tratar o esgoto de 270 mil pessoas. Além de tirar o esgoto das portas das casas, essas obras vão evitar que mais de 51 milhões de litros de esgoto, que hoje chegam in natura à Bacia do Guandu, manancial que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio, sejam despejados no meio ambiente.

Baía de Guanabara melhorando

Foram décadas de poluição e descrença da população. Será que um dia a Baía de Guanabara vai reviver? O trabalho da Águas do Rio nos últimos anos vem mostrando que sim. Com a recuperação de sistemas deteriorados, tubulações, modernização de estações de tratamento de esgoto e de elevatórias, 119 milhões de litros de esgoto deixaram de cair na baía todos os dias. Água limpa hoje é a regra nas praias do Flamengo, da Glória e de Paquetá. A promessa agora é que a melhoria chegue na Ilha do Governador e São Gonçalo ainda em 2026.