A primeira edição paulista do Festival Novas Frequências, dedicado à música experimental, começa nesta segunda-feira, 8, com apresentações no Teatro Cultura Artística e no Sesc Avenida Paulista. Com 11 atrações, o festival, que ocorre há 15 anos no Rio de Janeiro, terá desta vez artistas de países como Canadá, Japão, México, Chile e, claro, Brasil.
Na abertura, no Cultura Artística, o público vai conhecer as canadenses Kara-Lis Coverdale, organista que transita entre música acústica e eletrônica, e Sarah Davachi, performer que investiga as relações sutis entre timbre e tempo. No dia 11, o mesmo teatro receberá o trio eletroacústico Algol, formado por Christian Lillinger (Alemanha), Elias Stemeseder (Áustria) e Camilo Ángeles (Peru).
Quer ouvir ritmos andinos com estruturas sonoras nada tradicionais? A pedida é ir ao Sesc Avenida Paulista, no dia 9, onde estará no palco o Los Thuthanaka, projeto colaborativo dos irmãos bolivianos-aymaras Chuquimamani-Condori e Joshua Chuquimia Crampton, artistas radicados nos Estados Unidos.
A banda de heavy metal japonesa Birushanah também se apresenta no dia 9, no mesmo Sesc Avenida Paulista, unindo o metal à percussão feita com panelas. Além do inusitado sonoro, chama atenção a inversão de curso - geralmente são artistas brasileiros que vão ao Japão. A música japonesa é pouca divulgada por aqui. Esta será a primeira vez que o trio formado em 2002, em Osaka, virá ao Brasil.
Chico Dub, criador e curador do Novas Frequências, dá pistas sobre como será a apresentação da banda, que preserva o estilo "garagem": "Posso afirmar com tranquilidade que o show deles é absurdo. Vi no Rio, no dia 3, e saí impressionado. É uma combinação genial de bateria, com timbres metálicos das panelas, com um tipo de rock bem pesado, meditativo, em câmera lenta mesmo." O curador traça um comparativo com uma das bandas de metal mais conhecidas no mundo. "É como se o Sepultura tivesse nascido no Japão aos pés de um templo budista", ele brinca. A edição deste ano, no Rio, do Novas Frequências, ocorreu entre os dias 3 e 7 de dezembro.
Duas artistas brasileiras estão na programação em São Paulo. A flautista e pesquisadora Marina Cyrino, que atualmente mora em Berlim, na Alemanha, e se dedica à improvisação, e a harpista Marina Mello, radicada em Zurique, na Suíça, que explora paradoxos sonoros entre o silêncio e o ruído.
DEBUTANTE
Dub afirma que, depois de 15 anos, no Rio de Janeiro, foi preciso trazer o festival "na raça" para São Paulo. "Tentei isso por anos e anos", relata. "Eu queria trazer o Novas Frequências com o mínimo de recursos, estrutura e alcance de mídia. Até que em algum momento eu desisti. Essa vinda agora - e totalmente na raça, aliás - tem a ver com a efeméride dos 15 anos. Achei que, mesmo com todas as dificuldades, a gente deveria fazer uma edição à altura, celebrando o fato de um festival de música experimental, sem concessões, completar essa marca e tanto de duração", completa Dub.
Ele também está de olho no futuro. "Quem sabe, vindo para a cidade de São Paulo, fazendo o festival acontecer, mostrando para os paulistas como ele funciona e o quão maravilhoso ele é, a gente não consiga abrir caminho para realizar outras edições aqui, da forma como ele realmente deve ser feito", lança ele.
O desafio é justamente mostrar que os artistas que estão completamente fora do mainstream, fazendo música instrumental, também podem atrair público. Para Dub, a explicação é fácil. "Pense na Bienal, mas também nas pequenas galerias, nas mostras de museus, nas programações variadas dos centros culturais. Existe um universo infinitamente vasto e diversificado entre os extremos, certo? Então por que, na música, tudo parece funcionar diferente? Por que só artistas mainstream e festivais de milhares e milhares de pessoas?", questiona.
A programação completa e os links para venda de ingressos, que custam entre R$ 18 e R$ 120, estão no site do Festival Novas Frequências.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

