Ventos fortes com rajadas que chegam a derrubar árvores de grande porte estão acontecendo diariamente neste final de primavera no Estado de São Paulo. O verão começa no dia 21 de dezembro, por volta do meio-dia. Meteorologistas dizem que ciclones extratropicais costumam aparecer com mais frequência em estações como a atual, de transição do frio para o calor.
Para a meteorologista Ana Ávila, da Unicamp, é possível observar que os ciclones extratropicais estão mais frequentes, embora a confirmação de quantos mais estão acontecendo dependa de pesquisa estatística.
"Temos verificado eventos mais frequentes de ciclones extratropicais que se formam no sul, na altura do Rio Grande do Sul, e se deslocam pelo mar, subindo pela costa do Sudeste, e vão até o sul da região Nordeste. Estes ciclones têm por característica mudanças importantes no tempo, com risco de tempestades e formação de ventos", diz Ana Ávila.
Segundo a meteorologista, o ar mais frio avança do Sul para as regiões mais quentes, procurando um equilíbrio, mas trazem essas mudanças, pois é o vento que faz esse descolamento. "São extratropicais porque se formam nas regiões fora dos trópicos. Se fossem tropicais seriam furações, que não temos aqui. A primavera é uma estação de transição e favorece esses fenômenos."
Ela diz que este ano há mais vento nesta época. "Este ano, a gente tem observado um número importante destes ciclones extratropicais, alguns muito intensos, que têm trazido ventos fortes. Como eles passam pelo mar, causam também agitações marítimas, com ondas fortes e ressacas."
Tempestades severas
Nesta terça-feira, 9, meteorologistas da gaúcha MetSul identificaram um ciclone "potente" se formando na costa do Estado, com pressão atmosférica muito baixa, trazendo ventos fortes com risco de danos para os estados do sul de São Paulo. "Nos próximos dias precisamos estar muito atentos a alertas e informações ante a perspectiva de tempo muito severo por ciclone", disse o meteorologista Luis Fernando Nachtigall.
A Defesa Civil do Estado de São Paulo tem emitido alertas diários para mudanças no tempo, devido à passagem de sistemas meteorológicos que favorecem a formação de chuvas fortes, acompanhadas por raios, rajadas de vento e possibilidade de granizo.
Conforme a Defesa, os modelos indicam condições para tempestades severas na maior parte do Estado, com risco de alagamentos, enxurradas, deslizamentos, quedas de árvores, destelhamentos e interrupções temporárias de energia, além de ocorrências relacionadas a descargas elétricas e vento forte. No litoral, há possibilidade de agitação marítima e ressaca. Essas condições podem acontecer até o final do período chuvoso, em março de 2026.
57 quedas de árvores em São Paulo
Nesta quarta-feira, 10, de manhã, o vento atingiu 76 km/h na estação do Mirante de Santana, em São Paulo, e 69 km/h na região do aeroporto de Congonhas. Segundo a prefeitura, foram registradas 57 quedas de árvores. A Enel informou que, por causa dos ventos, em alguns pontos a rede elétrica foi atingida por objetos e galhos, além da queda de árvores. Equipes foram mobilizadas para restabelecer a energia.
No interior, doze cidades - Avaré, Matão, Presidente Prudente, Sorocaba, Campos do Jordão, Marília, Bauru, Piracicaba, Piedade, Cesário Lange, Araçoiaba da Serra e Votorantim - registraram quedas de árvores, muros e instalações. Houve ainda deslizamentos e alagamentos. Em Sorocaba, choveu 98 milímetros em 24 horas e o rio Sorocaba ficou 1,5 m acima do normal, alagando um trecho da Avenida Marginal.
Os temporais colocaram todo o sistema estadual de Defesa Civil em prontidão. Segundo a Defesa, mais de 5 mil agentes estão posicionados nos municípios, realizando vistorias em áreas de risco e adotando medidas para proteger as pessoas.

