Comércio de Abelhas pela Internet preocupa autoridades

Amazônia: 51% das Espécies sem Ferrão

Descoberta nova espécie de Abelha Sem Ferrão
Descoberta nova espécie de Abelha Sem Ferrão -
Colunista Luiz André Ferreira
Nada se compara a Amazônia Legal. Reúne aproximadamente 51% de toda biodiversidade de abelhas sem ferrão já descritas pela ciência em todo mundo. Estima-se que existam mais de 240 espécies sem ferrão no Brasil. Uma nova espécie, batizada de Abelha-Limão (Lestrimelita chacoana) foi descoberta no entorno da Usina binacional de Itaipu.
Habitando o mesmo parque foram encontrados outros sete tipos já conhecidos pelos cientistas provenientes tanto do Paraná quanto de outras áreas do Brasil e de países da América do Sul. O estado vizinho, Rio Grande do Sul, já identificou 23 variedades nativas de meliponíneos, como são cientificamente chamados esses indivíduos. Porém, 
Fundamentais para Preservação
Independente da produção de mel para consumo humano, essas abelhas desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade. São fundamentais a polinização de plantas, sem as quais não se reproduziriam e chegariam a extinção. Outra importante aplicabilidade é a utilização de enxames inofensivos como bioinsumos, atuando de forma orgânica no controle de pragas, substituindo agrotóxicos que, além de poluírem, contaminam alimentos e podem provocar desaparecimento de espécies, entre elas, as próprias abelhas. 
O inventário no Refúgio Biológico de Itaipu foi realizado em parceria com a Embrapa Florestas, o Parque Tecnológico da região e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). A iniciativa estabeleceu protocolos de manejo e desenvolveu módulos protetores para as caixas das espécies, permitindo a instalação de colmeias em áreas abertas e protegendo as abelhas de predadores.
"Esse conhecimento é fundamental para preservar essas espécies e, consequentemente, para a conservação da biodiversidade no Refúgio Biológico e em nossa região. Também tem grande importância, por exemplo, para subsidiar outros trabalhos de pesquisa, para a educação ambiental e capacitação técnica" justifica Guilherme Schnell, pesquisador da Embrapa Florestas e doutor em Ciências Biológicas.
Fake News: Todas têm Ferrões
Embora sejam, definidas desta forma, elas possui ferrões, porém atrofiados o que faz com que não possam ser usados para defesa e, consequentemente, são inofensivas para os humanos. Por isso, estão sendo usadas como formas de cultivo mais segura e com maior facilidade de ser desenvolvida em áreas urbanas. 
"Amostras de todas as espécies encontradas nos ninhos naturais, nas colônias capturadas, nas iscas artificiais e nas colônias instaladas em caixas térmicas foram coletadas, organizadas e identificadas conforme a taxonomia", explica Edson Zanlorensi, supervisor do projeto desenvolvido pela Itaipu.
A criação cresce me perímetro urbano em cidades, cultivadas até em varandas e janelas de apartamentos. 
Para evitar tais problemas, é necessário seguir a Resolução 496/2020 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que restringe a criação de abelhas-nativas-sem-ferrão à região geográfica de ocorrência natural das espécies e exige autorização ambiental para a comercialização.

A Embrapa disponibiliza uma cartilha completa sobre como escolher a espécie, o local ideal para colocar as caixas, o tipo de alimentação e a produção de mel. O Guia ainda apresenta plantas mais adequadas, entre as herbáceas, arbustivas, arbóreas e trepadeiras. Para cada uma delas são apresentados os recursos que oferecem para as abelhas, a distribuição espacial, período de floração, fotos e outros dados de identificação.
Menos Doce
Embora as abelhas sem ferrão produzam menos mel em comparação com as outras, possuem, além da vantagem da segurança, a possibilidade de oferecerem um produto mais saudável por conter menos açúcar.  O alimento ainda é mais líquido e com cores e sabores diferenciados dependendo da espécie e da florada.
Um litro pode custar entre 80 a R$ 800. Diferente das irmãs com ferrão, que produzem o mel em favo, as nativas depositam em pequenos espaços, que artificialmente podem ser incentivadas em potes. 
"Muitas pessoas ainda têm a ideia de que mel é tudo igual, mas, antes de chegar às prateleiras, existe um longo processo a ser desenvolvido", explica Daniel Cavalcante, doutor em Tecnologia de Alimentos e CEO da empresa Baldoni.
Entrega de Abelhas pelo Correio
O comércio dessas espécies pela internet chamou a atenção dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Policiais baianos rastrearam uma quadrilha que negociava uma colmeia por até R$ 700. Os indivíduos mais raros chegaram a ser negociados até R$ 5 mil.
As autoridades ainda não desenvolveram um protocolo para o combate a esse tipo de irregularidade. Nessa brecha, foram registrados casos de envios ilegais de insetos, principalmente as valorizadas abelhas-rainhas, transportadas em envelopes porosos através dos Correios, causando sofrimento por até sete dias.
Espécies Invasoras
Além da venda irregular tem ainda o risco do manejo indiscriminado e os impactos negativos ao meio ambiente. A falta de legislação e fiscalização adequados abre possibilidades para que sejam manipuladas fora das delimitações espacial, ética e responsável.  No Brasil, onde há um vasto potencial para a apicultura e meliponicultura, é fundamental promover políticas e ações que incentivem a criação sustentável, contribuindo para a conservação da natureza e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades de criadores. 
Por meio de pesquisas, parcerias e educação ambiental, é possível valorizar e preservar as abelhas sem ferrão, garantindo que continuem desempenhando seu papel vital nos ecossistemas e na produção de alimentos. É fundamental conscientizar sobre a diversidade e importância das abelhas sem ferrão, incentivando práticas sustentáveis de manejo.
Em 2023, o país registrou produção de mais de 28 toneladas de mel, de acordo com dados fornecidos pela Associação Brasileira dos Exportadores. (ABEMEL). Essa produção, envolve um processo detalhado desde a coleta do néctar até o armazenamento nos favos pelas abelhas operárias, ressalta ainda a importância do trabalho desses insetos na agricultura e na preservação dos ecossistemas.
Abelha sem Ferrão
Abelha sem Ferrão foto de divulgação Embrapa