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Coronavírus: argentinos convocam manifestações contra quarentena

País registra aumento expressivo no número de casos

Ministério da Saúde apresenta balanço sobre covid-19
Ministério da Saúde apresenta balanço sobre covid-19 -
A Argentina passa por um momento conturbado, o país registra um aumento expressivo no número de casos do novo coronavírus (Sars-cov-2) e observa a explosão de protestos contra as medidas de isolamento social adotadas pelo governo do presidente Alberto Fernández. A quarentena na Argentina já dura cinco meses e é considerada uma das mais rígidas da América Latina, mas os números seguem subindo e ameaçando o colapso do sistema de saúde.

A Argentina comemora nesta segunda-feira (17) o dia de San Martín, general responsável pela libertação do país, grupos de manifestantes antiquarentena aproveitam a data para convocar protestos contra a quarentena, que já dura 150 dias . Além da pauta contra o isolamento, os manifestantes se reunem para protestar contra a Reforma Judicária que, segundo os agitadores, foi projetada para livrar a vice-presidente Cristina Kirchener de processos por corrupção.

As manifestações foram convocadas pelas redes sociais e estão previstas para acontecer às 16h nos princiapis pontos turísticos do país, com protestos na o Obelisco do Centro de Buenos Aires, na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada e em frente à residência oficial de Olivos. Os manifestantes e argentinos descontentes com as medidas sanitárias apelidaram a quarentena de quarenterna (quarentena eterna). Analistas veêm irresponsabilidade dos grupos extremistas da oposição que organizaram os protestos. O governo atribui o aumento dos casos à irresponsabilidade social.

O presidente Fernández começou a negar a existência de uma quarentena, pois, segundo ele, as pessoas não obedecem as orientações e descumprem o isolamento social. Fernández atribui o aumento dos casos a falta de adesão da população e trabalha para evitar que o país siga o rumo de vizinhos como o Brasil, que apresenta uma taxa elevada de mortes . A Argentina tem 5.700 mortos, com uma taxa de letalidade de 1,9%, contra 3,2% no Brasil.

O estresse social na Argentina é acentuado pelo conflito entre o isolamento para salvar vidas e a abertura da economia para salvar a economia. O mercado argentino prevê recessão de 12,5% em 2020, o dobro do Brasil. Outro elemento é que a Argentina é um dos países da América do Sul que menos testam.

"O governo está numa armadilha. O erro foi usar a quarentena como único recurso para controlar a pandemia. As medidas acertadas no princípio não foram flexibilizadas para permitir uma abertura parcial combinada com aumento de testes, de rastreio e de isolamento. Não foi feito quando se podia e agora ficou muito difícil", declarou o ex-ministro da Saúde, Adolfo Rubistein, durante o governo Macri, em entrevista à RFI.

Alberto Fernández sofre o derretimento da popularidade conquistada no início da pandemia ao aplicar as medidas de isolamento social. O presidente tem indíce de reprovação de 39,3% e aprovação de 41,4%. No início de março, Fernández tinha 59% de aprovação e 19,8% de reprovação.