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Morador de rua sofre com descaso na Zona Norte

Deficiente físico, Márcio Silva recebe ajuda de comerciantes de São Cristóvão

Em situação degradante, homem vive há duas semanas embaixo de viaduto, em São Cristóvão
Em situação degradante, homem vive há duas semanas embaixo de viaduto, em São Cristóvão -

Márcio Silva, de 46 anos, está há pelo menos duas semanas vivendo embaixo do viaduto da Linha Vermelha, na Rua Figueira de Mello, em São Cristóvão. Deficiente físico, ele não conta mais com a cadeira de rodas, que foi quebrada por vândalos, durante a madrugada da última segunda-feira. Sem qualquer tipo de documento, Márcio vem recebendo ajuda de moradores e comerciantes da região. Segundo relatos, foram muitos os pedidos, até que o Corpo de Bombeiros o levasse para um hospital. O que só aconteceu ontem a noite, após a insistência da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH).

"Eu fui dormir e quando acordei a cadeira estava sem uma das rodas", disse Márcio, que informou ser portador de tuberculose, doença infecto-contagiosa que afeta os pulmões e pode levar à morte. Na quinta-feira, agentes da prefeitura tentaram levar o homem a um hospital, mas ele teria se recusado, dizendo que só aceitaria ir na companhia de um médico. O que não aconteceu.

Henrique Scobell, vendedor de uma loja de automóveis localizada na região, é um dos que tem dedicado parte do seu tempo para ajudar Márcio. De acordo com ele, o SAMU, não teria atendido a nenhum dos seus chamados. "Estou desde a última segunda-feira chamando os Bombeiros e nada foi feito. Liguei até mesmo para a Alerj e de nada adiantou", disse Scobell.

A situação de Márcio comoveu até mesmo os policias que atuam na região. De acordo com o próprio morador de rua, tem sido comum a ajuda por parte dos agentes. "Eles não podem me levar para o hospital, mas sempre passam aqui e deixam comida", afirmou.

Ontem, equipes do DIA estiveram por duas vezes no local. Na parte da tarde, quando chegou, a reportagem encontrou agentes da SMASDH prestando suporte ao morador de rua. Por duas vezes os agentes solicitaram a presença da ambulância do Corpo de Bombeiros, que só chegou por volta de 19h. Márcio foi encaminhado para o Hospiptal Souza Aguiar, onde passará por exames, antes de ser encaminhado para um abrigo da prefeitura.

MORADORES TRIPLICARAM

De acordo com um levantamento realizado pela Prefeitura, em 2013, o Rio tinha cerca de 5,5 mil moradores de rua. Já no fim de 2016, o número chegou a 14,2 mil, quase três vezes mais, representando um crescimento de 156% neste período. Segundo a SMASDH, uma nova pesquisa está sendo elaborada.

*Estagiária sob supervisão de Maria Inez Magalhães