Mais Lidas

Gravidez interrompida

Vítima de estupro, menina de 10 anos passa por procedimento em Pernambuco

No hospital, extremistas chamaram vítima de estupro de 'assassina'
No hospital, extremistas chamaram vítima de estupro de 'assassina' -

Depois de passar uma noite internada no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife (PE), a menina de 10 anos que engravidou em consequência de estupros sofridos desde os 6 anos por um tio conseguiu interromper a gravidez na tarde de ontem. Segundo o médico responsável, ela passa bem e deverá receber alta ainda hoje. A criança não conseguiu atendimento em seu estado, o Espírito Santo, devido à recusa do serviço de saúde local em realizar o procedimento.  

A cirurgia começou na noite de domingo, quando a menina deu entrada no hospital. A autorização do aborto foi dada, no sábado, pelo juiz Antônio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e Juventude de São Mateus (ES), a pedido do Ministério Público do Espírito Santo.  

No Artigo 128 da Lei nº 2.848/40, o abordo é respaldado quando em caso de estupro, se não houver outra forma de salvar a vida da gestante e, a partir de 2012, também inclui casos em que o feto for anencéfalo. Para a advogada Rachel Serodio, especialista em Direito da Mulher, embora o Código de Ética Médica resguarde o profissional da saúde de agir contra a própria consciência e religião, não pode ser interpretado de forma absoluta.

No domingo, extremistas que se identificaram como católicos fundamentalistas invadiram o hospital, e tentaram impedir a entrada de profissionais de saúde na unidade. Eles ainda ofenderam médicos e a própria menina, chamada por eles de 'assassina'.

Legalmente, para realizar um aborto, basta apenas a palavra da vítima, que deverá se atendida por uma equipe multidisciplinar o mais rápido possível "ante todo o risco de morte e sofrimento".