A Polícia Civil fez, nesta terça-feira, a Operação Total Flex, para prender preventivamente sete pessoas envolvidas com uma milícia que age em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Dos alvos, cinco eram policiais militares. Os agentes também cumpriram 43 mandados de busca e apreensão.
Dois dos cinco PMs procurados foram presos: Igor Ramalho Martins e Rodrigo Dias Renovato Alonso. Além de telefones celulares, os agentes apreenderam diversas armas com eles. Os dois são soldados da UPP São João, na Zona Norte da capital. Igor já havia sido preso em março do ano passado pelo mesmo crime.
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O soldado já foi baleado duas vezes desde que entrou para a Polícia Militar. A primeira vez foi em maio de 2016, durante um patrulhamento de rotina no Complexo do Alemão. A segunda foi em outubro de 2018, durante uma tentativa de assalto no Rio Comprido.
Rodrigo também já foi baleado, ferido de raspão na cabeça, em dezembro de 2017. Na ocasião, ele estava fazendo um patrulhamento na esquina das ruas Dois de Fevereiro com a Borja Reis, no Engenho de Dentro, quando trocou tiros com bandidos armados que estavam dentro de um carro.
Os outros PMs alvos da ação de hoje:
. Bruno Cardoso da Silva Oliveira
. Leandro Santos Macedo
. Maurício da Silva Santos
O soldado Maurício, também lotado na UPP São João, já vou investigado pela Corregedoria da PM por atirar para o alto quando estava de serviço na comunidade, em janeiro do ano passado.
EXECUÇÃO DO MC POZE
De acordo com a polícia, Igor é líder do grupo paramilitar, que tem ligação com a maior milicia do estado, comandada por Wellington da Silva Braga, o Ecko. O bando de Ecko age principalmente na Zona Oeste da capital e tem ramificações em outros municípios da Região Metropolitana e Baixada.
Ecko teria, inclusive, oferecido R$ 300 mil para que Igor sequestrasse e executasse o MC Poze. O PM chegou a tentar capturar o funkeiro, o esperando próximo à favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, mas não conseguiu pegá-lo.
Ouça o policial falando do plano para sequestrar o cantor:
ALIANÇA COM TRÁFICO
Ainda segundo a polícia, a quadrilha age através de atividades típicas da milícia, como a exploração de sinal clandestino de TV e Internet, extorsões através de um suposto serviço de segurança e roubos.
O grupo também tem ligação com milicianos de Jacarepaguá e com o traficante Edgar Alves de Andrade, o Deco, um dos líderes da facção Comando Vermelho (CV).
As investigações para a operação começaram a partir de um assassinato em novembro do ano passado em Nova Iguaçu, quando o corpo da vítima foi encontrado carbonizado em meio a pneus. A partir daí, através de depoimentos, apreensão de armas e prisões, a polícia descobriu a existência da quadrilha.
Além de Ecko e do traficante Doca, o grupo paramilitar conta com a ajuda de outros criminosos para receber informações de pessoas com grande quantia de valor em poder para roubá-las. Eles chegaram a planejar roubar uma idosa que recebeu R$ 150 mil de um seguro de vida.
Ouça o líder do grupo combinando um roubo com os comparsas:
Os crimes praticados pelo bando:
. Homicídio
. Roubo
. Extorsão
. Organização criminosa
. Associação para o tráfico de drogas
. Porte ilegal de arma de fogo
A ação de hoje foi comandada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), teve o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) e contou com cerca de 150 policiais. PMs da Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) também acompanharam o cumprimento dos mandados.