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Os votos da milícia

Polícia investiga mortes e vai ouvir candidatos de áreas dominadas por paramilitares

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Candidatos às Eleições de 2020 para cargos municipais na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense serão chamados para prestar depoimento, a partir de amanhã, na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), para esclarecer um possível relacionamento com milicianos.

O MEIA HORA confirmou que os primeiros a serem intimados serão candidatos de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Uma força-tarefa criada pela Polícia Civil investiga a suspeita de exclusividade de curral eleitoral em área de atuação de paramilitares.

Desde o início dos anos 2000, as ações as milícias são investigadas. Além de extorquir e ameaça moradores, nas eleições, elas atuam com promessas financeiras para ajudar na vitória dos políticos nas urnas e garantem acesso a currais eleitorais. De 2015 a 2018, 16 políticos foram mortos em regiões dominadas por milicianos (veja quadro).

"Temos informações de certos candidatos que têm acesso exclusivo a uma determinada localidade. A gente vai trazer essas pessoas para serem ouvidas, no sentido de explicarem porque eles têm trânsito exclusivo em determinado local", disse o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da corporação.

A força-tarefa foi criada após o assassinato dos candidatos a vereador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Mauro Miranda da Rocha, em 30 de setembro, Domingos Barbosa Cabral, no último dia 10. De acordo com o delegado, a Polícia Civil não descarta a possibilidade de que as mortes tenham motivação política. "O processo eleitoral não é uma linha de investigação que está descartada", diz o delegado.