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Secretário da Civil: 'Operação na Maré começou quando traficantes assassinaram um menino na Avenida Brasil'

Agentes buscam prender mais de 100 criminosos, entre eles os responsáveis pela morte do menino Leônidas Augusto. Até o momento são 16 presos, vários fuzis apreendidos, munições, granadas e drogas ainda sendo contabilizadas

Polícia Civil faz megaoperação nas comunidade Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré
Polícia Civil faz megaoperação nas comunidade Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré -
Rio - O novo secretário da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, declarou, durante coletiva nesta terça-feira, que a megaoperação contra criminosos do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, começou, na verdade, quando traficantes da região assassinaram o menino Leonildas Augusto da Silva na Avenida Brasil. Até o momento são 16 presos, vários fuzis apreendidos, munições, granadas e drogas ainda sendo contabilizadas. "Hoje tivemos a Operação Gota D'água no Complexo da Maré. Durante as investigações, ficou comprovado a autoria desse assassinato por traficantes da favela Nova Holanda e, a partir daí, como secretário de Polícia Civil, autorizei a operação na data de hoje".
Cerca de 300 agentes de várias delegacias ocupam os principais pontos da comunidade. Um levantamento da polícia aponta que as duas comunidades abrigam mais de 100 criminosos foragidos da justiça. Entre eles, os responsáveis pela morte do menino Leônidas Augusto da Silva de Oliveira, de 12 anos, morto por uma bala perdida na Avenida Brasil, durante um ataque criminoso.
"Nos últimos três anos, investigações da Polícia Civil comprovaram a participação desses traficantes que mataram Leonildas em 70 grandes crimes, entre roubos de carga, depósitos e roubos de automóveis. Temos nas nossas investigações 83 criminosos identificados dessa comunidade e um prejuízo estimado de R$ 200 milhões ao comércio e empresas no Rio. Com tudo isso, a gota d'água para a autorização dessa operação foi o homicídio, que aí realmente o copo transbordou", disse Turnowski.
Rodrigo Oliveira, subsecretario de planejamento e integração operacional da Polícia Civil, contou detalhes do planejamento. "Uma vez dada a diretriz da operação, da autorização por parte do nosso secretário, a gente estabeleceu todos os protocolos necessários para o cumprimento da devida missão tentando ao máximo minimizar qualquer tipo de risco a terceiros ou a pessoas que não tivessem diretamente envolvidas nessa ação. É de fundamental importância dizer que não foi disparado um único tiro sequer, isso implica dizer que quem dá inicio aos confrontos, quem gera a violência, é o tráfico. É absolutamente equivocado supor que a solução para que se tenha uma sociedade, uma comunidade de forma mais pacífica seja a não ação do estado".
"O resultado da operação é excepcional do ponto de vista operacional e a Polícia Civil vai se fazer presente em qualquer lugar desse estado. Não existe território no Rio que seja negado para a Polícia Civil. Nós vamos estar onde a lei determinar e onde assim for exigido", completou o subsecretário.
Para o delegado Felipe Curi, titular do Departamento Geral de Polícia Especializada, a operação foi um grande baque para a ação criminosa na região. "A Delegacia de Repressão a Propriedade Imaterial (DRCPIM) estourou um grande depósito de mercadorias falsificadas que eram comercializadas, sendo a mercadoria avaliada em R$ 20 milhões; Mais de 30 toneladas de brinquedos falsificados, mais de 200 mil mochilas falsificadas, um grande prejuízo que a organização criminosa atuante nessas comunidades. A operação ainda está em andamento e esse saldo da operação tende a aumentar bastante, finalizou.
TERRITÓRIO DAS ARMAS
Um levantamento da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), divulgado pelo O DIA no último domingo, apontou que o Complexo da Maré concentra um grande número de fuzis, com cerca de 300 a 400.
No ano passado, um censo feito por um grupo de moradores estudiosos, ligados a ONG Redes da Maré, mostrou que 140 mil pessoas vivem nas 16 comunidades do Complexo da Maré.