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Avó de meninos desaparecidos diz que busca da polícia no Castelar é perda de tempo

Polícia Civil e Agentes do Batalhão de Choque (BPChq), da Polícia Militar, fizeram operação nesta sexta-feira na comunidade atrás das crianças. "Meu coração diz que estão vivos", conta avó

Da esquerda para a direita: Alexandre, Lucas e Fernando
Da esquerda para a direita: Alexandre, Lucas e Fernando -
Rio – A avó de dois dos três meninos desaparecidos Belford Roxo considera que as buscas da polícia na comunidade do Castelar são inúteis. Já são 19 dias sem notícias. Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil, com apoio do Agentes do Batalhão de Choque (BPChq), da Polícia Militar, fez uma operação com o intuito de encontrar as crianças, mas elas não foram localizadas.
"Para mim, eles estão vindo à toa (na comunidade). Tenho certeza que as crianças não estão aqui. Qualquer operação aqui é perda de tempo. Aqui dentro do Castelar é perda de tempo", avalia Silvia Regina da Silva, avó de Lucas Matheus, de oito anos, e Alexandre da Silva, de 10. O trio foi visto pela última vez no dia 27 de dezembro.
Em busca do paradeiro dos netos e do amigo, Fernando Henrique, de 11 anos, Silvia foi até a Praia do Flamengo, na Zona Sul do Rio. "Falaram que viram os três lá. Na Barra da Tijuca também. Todo lugar que falam que viram eles, a gente ia", afirma ela, que diz não ter mais recebido tantas denúncias.
Em uma dessas rondas atrás das crianças, no dia 6 de janeiro, Silvia sofreu um acidente. "O pneu estourou, o carro capotou e machuquei o joelho. Agora está bem melhor, está secando. Tomei antibiótico e fiz curativo em casa", detalha ela, que tem encontrado forças na fé e no amor pelos netos e filhas.
"Meu coração diz que eles estão vivos. Tenho certeza de que eles não morreram. Eu acho que ninguém teria essa crueldade de matar três crianças inocentes. Tenho certeza que eles estão vivos. Só não sei onde estão, mas tenho certeza que estão vivos", atesta a cozinheira de 58 anos.
Quando a noite chega, Silvia diz que a dificuldade para dormir é enorme. Tanto, que teve que recorrer até a um remédio. "Foi a vizinha que me deu. Quando deito na cama já passa das 2h da manhã e acordo por volta das 5h. Tem uma irmã que faz uma oração comigo. Aí estou acompanhando com ela. Dá 5h e pouco da manhã, eu já estou de pé fazendo oração com essa irmã. E minha vida está desse jeito", detalha, emocionada.
"Gostaria de falar para eles (os meninos) voltarem para casa, que está todo mundo com saudade, as irmãs deles, todo mundo está morrendo de saudade deles. Com certeza ainda vou encontrá-los", garante a avó.
POLÍCIA FAZ OPERAÇÃO NA COMUNIDADE DO CASTELAR
A Polícia Civil realizou, na manhã desta sexta-feira, uma operação na comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com o intuito de encontrar os meninos desaparecidos. Agentes do Batalhão de Choque (BPChq), da Polícia Militar, deram apoio à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a PM, os policiais foram atacados ao entrarem na comunidade e houve confronto.
Três suspeitos foram baleados e duas pistolas, um revólver e entorpecentes foram apreendidos. Os feridos foram encaminhados ao Hospital Municipal de Belford Roxo.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga o envolvimento de traficantes do Morro do Castelar, localidade onde as crianças moram, no desaparecimento. Segundo a polícia, o fato do tráfico ter torturado um homem para que ele confessasse o crime e a queima de um ônibus, a menos de 200 metros da especializada, nesta terça- feira (12), fizeram a polícia acreditar no envolvimento de traficantes no episódio.
"Essa é uma hipótese diante das coisas estranhas que ocorreram. Nesse cenário, essa linha de investigação começa a ganhar peso maior", disse Uriel Alcântara, titular da DHBF, sem detalhar no entanto, o que poderia ter motivado o tráfico no sumiço dos garotos.