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PM suspeito de atirar contra menina Ana Clara, em Niterói, tem prisão preventiva decretada pela justiça

O cabo Bruno Dias Delaroli foi preso em flagrante horas após a morte da pequena Ana Clara, na última terça-feira. O militar responde por outro homicídio, segundo a justiça

Ana Clara, de 5 anos, morreu após ser baleada na porta de casa
Ana Clara, de 5 anos, morreu após ser baleada na porta de casa -
Rio - A Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante do cabo da PM Bruno Dias Delaroli em preventiva, na tarde de quarta-feira, a pedido do Ministério Público (MP/RJ). A decisão foi da juíza Monique Correa Brandao dos Santos Moreira, da 1ª Vara Criminal de Niterói, durante audiência de custódia. Ele foi autuado em flagrante por homicídio doloso com dolo eventual, no final da tarde de terça-feira, suspeito de ter efetuado o disparo que causou a morte da pequena Ana Clara, de apenas 5 anos, na comunidade do Monan Pequeno, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Para a juíza, o não relaxamento da prisão, solicitado pela defesa do policial militar lotado no 12º BPM (Niterói), foi para garantir a integridade do andamento das investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG).

“Quanto ao "periculum in libertatis", decorre da necessidade de se resguardar a instrução criminal, considerando a natureza do delito imputado ao agente e a necessidade da produção de outras provas.”, escreveu a juíza.

Segundo a decisão, ainda há necessidade do depoimento de mais testemunhas presenciais e que a eventual liberdade de Bruno Delaroli poderá influenciar negativamente as próximos oitivas.

Na audiência, a defesa do PM solicitou a liberdade provisória do mesmo, alegando que Delaroli revidou injusta agressão a tiros e que não retornaria ao local para ameaçar testemunhas.

Conforme informações da Justiça, o policial responde a outro processo por homicídio.

Juíza reforça contradições encontradas pela Polícia Civil

A juíza Monique Corrêa Brandão dos Santos Moreira afirmou ainda em sua decisão ter encontrado disparidades entre os depoimentos em sede policial do cabo e de seus dois colegas de farda do Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) Largo da Batalha, e as declarações dos moradores da comunidade que presenciaram o fato, assim como o constato na perícia técnica da especializada.

O delegado Bruno Cleuder, titular da DH, já havia apontado essas contradições, na quarta-feira.

“O custodiado e os seus companheiros afirmaram que, ao passarem pelo local, foram surpreendidos por, aproximadamente, cinco elementos, sendo que dois estariam armados com pistolas e teriam realizado diversos disparos de arma de fogo. Relataram que o custodiado teria realizado quatro disparos com fuzil e, logo depois, ao avançar no terreno, teria se deparado com a mãe da vítima pedindo socorro.
Já as demais testemunhas presenciais, moradores da localidade, afirmaram que os disparos pelos policiais foram iniciados sem motivo aparente e se deram em direção ao ponto conhecido como "Pocinho".”, escreveu.

Monique Corrêa Brandão dos Santos Moreira ainda ressalta que os peritos não encontraram no local do crime nenhum estojo de pistola - tipo de arma que criminosos usavam, segundo os PMs.

Em sua decisão, a juíza também declara que uma testemunha afirmou que “após levar a vítima ao hospital, policiais militares teriam regressado para arrecadar estojos de munição e modificar a cena do crime”.

“considerando relatos de que os policiais envolvidos no fato teriam alterado a cena do crime, ratifica-se a necessidade da custódia cautelar pelas razões já exposta”, concluiu.