Vinte e dois tiroteios. Essa foi a quantidade de vezes que os moradores da Praça Seca, na Zona Oeste, conviveram com a violência só nos 28 dias de fevereiro, segundo a plataforma Fogo Cruzado. A região é palco de guerra entre traficantes do Comando Vermelho (CV) e milicianos.
Os conflitos armados são constantes. Para alguns moradores já virou até rotina, para outros o sonho é se mudar para outro lugar. "Voltamos à programação normal da guerra na Praça Seca", publicou um morador numa rede social. "Desejando muito se mudar de Praça Seca. Ai, que inferno esses tiros todo dia", postou uma jovem. "Praça Seca tá (sic) demais. Muito tiro!", disse outra. Uma moradora postou uma foto do buraco do tiro em sua janela e mostrou a munição em sua mão.
A disputa territorial na região já dura quase uma década, segundo informações policiais. O bairro da Zona Oeste conta com as comunidades da Barão, Bateau Mouche, Chacrinha, Campinho, Fubá, Jordão, 18, Caixa D'água e Divino.
"A região ali se torna um complexo. É interessante porque os morros são interligados, vai desde o Morro do 18 até a Praça Seca, então eles tomando tudo, vira um complexo. A milícia daquela área explora tudo, como qualquer milícia. Explora transporte alternativo, gás, água... cobra taxas a moradores e comerciantes, internet. Para o Comando Vermelho, é interessante por ser uma área grande para eles se homiziarem, cometerem roubos e dominar o território", explica um investigador.
Ostentam armas e provocam rivais na internet
De acordo com a Polícia Civil, os traficantes do CV são liderados por Pedro Paulo Guedes, conhecido como Pedro Bala ou Urso, que está foragido, e Luiz Claudio Machado, o Marreta, preso desde 2014. Atualmente, o grupo controla o tráfico de drogas do Morro da Barão, Morro da 18 e Caixa D'água.
Nas redes sociais, os criminosos posam com armas, ostentando seu poderio bélico, e se intitulam integrantes da "Tropa do Urso" e "Soldados do Marreta". Os bandidos também usam seus perfis, constantemente, para ameaçar seus rivais, inclusive, através de rimas.
"Nós não gosta (sic) de milícia, nós odeia (sic) alemão, tentaram pagar pra ver, retornamos pra Barão (...) A Barão tá mó (sic) lazer, tudo dois até morrer, Tropa do Urso e do Marreta, faz os (sic) milícia correr", cantou um suspeito num vídeo.
Escritório do crime e milícia
Do outro lado da guerra estão os paramilitares. Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho, é o principal miliciano da região. Seu reduto é a comunidade do Campinho. "Além de miliciano, o Macaquinho é matador de aluguel e integrante do escritório do crime. Então ele consegue cometer os crimes e ter um lugar para se esconder", explicou um policial.
Macaquinho ainda tem braços nas outras favelas da região dominadas pela milícia, como Divino, Bateau Mouche, Fubá e Chacrinha. Elas são controladas por Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, e um paramilitar conhecido como Danado.
