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Vídeo mostra crianças tentando se esconder de tiroteio dentro da escola

"O tia, como a gente vai saber onde vai o tiro?", questionou uma aluna à professora

Alunos de escola pública na Zona Oeste do Rio ficam encurralados durante tiroteio
Alunos de escola pública na Zona Oeste do Rio ficam encurralados durante tiroteio -
Rio - Nesta segunda-feira (22), um vídeo publicado nas redes sociais repercutiu entre os internautas por conta da cenas de horror que atingem os cariocas todos os dias. Nas imagens divulgadas, crianças da Escola Municipal Morvan de Figueiredo, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, aparecem encurraladas em um corredor do colégio tentando se proteger de um intenso tiroteio que acontecia do lado de fora. Além de serem forçados a lidar com a violência tão de perto, as crianças, com idades entre 5 a 7 anos, precisavam também se preocupar em manter distância entre elas e a professora.
Usando máscara, os alunos pressionavam o ouvido a cada novo barulho de tiro. Assustados com a situação, uma das crianças tenta se aproximar de um colega de classe, mas logo é repreendida pela professora, que tentava proteger as crianças de uma possível bala perdida e manter os protocolos de segurança.

No vídeo, a professora faz um desabafo: "Infelizmente, a gente tem que ficar nessas condições, sentado no corredor da escola. Tendo que manter a distância e ao mesmo tempo se proteger dos tiros que estão constantes", diz a profissional. Em um outro momento, uma criança questiona: "O tia, como a gente vai saber onde vai o tiro?". Em resposta à pergunta da menina, a professora explica: "a gente não sabe, os tiros está em todas as partes".
Veja o vídeo:
O caso aconteceu na última quinta-feira (18) e divulgado hoje pelo fundador do jornal Voz das Comunidades, Rene Silva, nas suas redes sociais. Na legenda, Rene desabafou: "Vocês conseguem entender a complexidade que é viver numa favela? As crianças no corredor pra se proteger dos tiros. A professora preocupada com o distanciamento por causa da covid... É isso, a realidade da desigualdade social", escreveu ele.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação explicou o ocorrido. “Como é de conhecimento geral, violência é uma questão de segurança pública. Na quinta-feira, 18/03/21, no entorno da Escola Municipal Morvan de Figueiredo, na Praça Seca, ocorreu um tiroteio. De forma preventiva, os alunos foram abrigados em uma parte mais segura da unidade”.
Procurada, a Polícia Militar informou que a região passar por "uma disputa territorial envolvendo grupos de criminosos rivais. A Polícia Militar atua de maneira contínua com o objetivo de estabilizar o terreno". Confira a nota na íntegra:
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar esclarece que a Praça Seca passa por uma disputa territorial envolvendo grupos de criminosos rivais. A Polícia Militar atua de maneira contínua com o objetivo de estabilizar o terreno. O comando do 18ºBPM (Jacarepaguá) já interveio inúmeras vezes na região, e continuará agindo, sempre que se fizer necessário. No entanto, as ações ostensivas da Corporação em áreas conflagradas seguem protocolos técnicos, tendo como preocupação central a preservação de vidas - da população e dos policiais envolvidos -, assim como as determinações estabelecidas pela legislação vigente e por decisões judiciais.

O comando do 18ºBPM esclarece que não recebeu reclamação de escola que tenha sido fechada ou ameaçada por tiros na última semana. Na sexta-feira (19/03) foi relatado que houve disparos espaçados entre grupos rivais no alto do morro, sem reflexos na parte baixa da comunidade. O policiamento ostensivo continua reforçado na região.
Na tarde desta segunda-feira (22/03), foram verificados tiros na parte alta da comunidade e os policiais do 18ºBPM mantêm posição estratégica na localidade para evitar que os grupos de criminosos avancem".