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Mães de jovens desaparecidos em Nova Iguaçu fazem buscas por conta própria pelos filhos

Familiares receberam uma denúncia anônima informando que os corpos das vítimas estariam na Rua Açapava, em Cabuçu, mas nada foi encontrado no local

Matheus, Douglas, Adriel e Jhonatan eram amigos de infância
Matheus, Douglas, Adriel e Jhonatan eram amigos de infância -
Rio - Angustiadas em buscas de informações que levem ao paradeiro dos filhos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, as mães das quatro vítimas procuraram por quase três horas pelas ruas e áreas de mata do bairro Cabuçu, no mesmo município, pelas vítimas. A mãe do Matheus Costa da Silva, de 21 anos, Ana Costa, contou que os familiares receberam a notícia de que os corpos do seu filho e dos amigos de infância, Douglas de Paula Pampolha dos Santos, 22, Adriel Andrade Bastos, 24, e Jhonatan Alef Gomes Francisco, de 28 anos, estariam na Rua Açapava, no entanto, nada foi encontrado.
Policiais do Setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) não acompanharam as mães nesta varredura. Procurada, a Polícia Civil informou somente que a especializada está em busca da localização dos rapazes.
"Eu e outras mães andamos tudo, subimos morro, fomos na cachoeira, andamos no meio do mato, mas não encontramos nada lá. Nenhum policial foi com a gente. Eu sinceramente não sei dizer se eles estão empenhados nessa busca", desabafou.
Esse foi o terceiro lugar que os parentes fizeram buscas, desde o desaparecimento deles. Inicialmente, a família recebeu uma denúncia anônima informando que os corpos estariam na Rua José Cabral, no bairro Valverde. "Eu fui lá, mas os moradores contaram que é muito perigoso por conta da milícia e que não tinha nem como entrar. O que nós temos é especulação de onde os corpos estão. Os policiais foram até um outro local próximo ao qual foi falado, sendo que o lugar tinha cerca. Eles disseram que não poderiam entrar por não ter nenhum mandado", disse o irmão de Jhonathan, Adilson.
Este segundo lugar também foi mencionado pelo delegado de plantão da especializada, Márcio Melo. "Um dos locais parece que já foi checado pela Polícia Militar e o outro local a gente está tentando identificar, para ver se a gente consegue o local objetivamente para fazer a diligência. De qualquer forma, segundo informação deles (familiares), era o interior de uma residência, onde a Polícia Militar chamou e ninguém atendeu e para entrar, só com ordem judicial, que depende da gente ter informações, indícios suficientes para fundamentar o pedido para o juiz", explicou Melo.
Ainda segundo o delegado, uma mulher estava com as vítimas no momento em que criminosos encapuzados e armados, usando dois veículos, teriam interceptado o carro em que eles estavam e os sequestraram. Ela foi liberada pelos bandidos e intimada a depor na segunda-feira (15). Ele também acredita que o motorista de aplicativo pode não ter sido morto e os agentes vão tentar localizá-lo. As diligências estão em andamento. O nome do motorista de aplicativo ainda não foi divulgado.
Famílias sem esperanças
Os familiares, que estiveram na DHBF neste domingo (15) para prestar depoimento, disseram que já não têm mais esperanças de que os amigos estejam vivos.
"Para mim é um desespero muito grande, não só para minha família, como para a família dos outros meninos. Eu só quero o meu filho, o corpo dele para eu fazer um enterro e acabar com esse sofrimento. É só o que eu quero. O meu dever de pai é enterrar nosso filho, infelizmente. Não imaginei que seria tão próximo, o ciclo da vida é os filhos enterrarem os pais. Inclusive hoje ele ia estar comigo. Não tem para onde correr, não tem mais o que fazer. Agora é só esperar justiça. Acabou o meu Dia dos Pais. Minha vida acabou", desabafou o pai de Matheus, Everson Turíbio.