Emerson Sheik teria ajudado contraventor em esquema de lavagem de dinheiro, segundo denúncia

O ex-jogador é acusado de um esquema ilícito relacionado a permuta de uma casa na Barra da Tijuca

Emerson Sheik é acusado de lavagem de dinheiro junto com contraventor Bernardo Bello
Emerson Sheik é acusado de lavagem de dinheiro junto com contraventor Bernardo Bello -
Rio - O ex-jogador Márcio Passos de Albuquerque, também conhecido como Emerson Sheik, que já atuou por Flamengo, Fluminense e Botafogo, ajudou o bicheiro Bernardo Bello em um esquema de lavagem de dinheiro, segundo a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O contraventor foi alvo de uma operação nesta sexta-feira (10) do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) para prendê-lo.
De acordo com a investigação, Sheik e Bello fizeram uma permuta de uma cobertura do ex-jogador por uma casa do contraventor na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. O valor da negociação - R$ 473,5 mil em quatro parcelas - foi passado para Emerson "clandestinamente como parte do pagamento pela aquisição de imóvel". Oficialmente, o negócio não envolvia dinheiro. As informações foram divulgadas pelo portal "G1".
Ainda segundo o MPRJ, os depósitos foram realizados sem serem registrados em escrituras e sem declaração na Receita Federal. Por isso, ambos foram denunciados por ocultar e dissimular a natureza, a origem e os valores provenientes, direta ou indiretamente, da exploração do jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis.
Sheik ainda teve bens bloqueados pela Justiça. O ex-jogador também terá que cumprir medidas cautelares como informar ao juízo, em no máximo 15 dias, os números de telefone por meio dos quais possa ser contatado, inclusive por aplicativo de mensagem WhatsApp; manter endereço atualizado para comunicações de atos processuais, inclusive por aplicativo de mensagens; proibição de se ausentar, por mais de 15 dias, da comarca onde residem sem autorização judicial; comparecimento bimestral em juízo para justificar suas atividades; e proibição de contato com os demais réus, ressalvados os familiares.
Mesmo denunciado, Emerson não teve mandado de prisão aceito, diferente do contraventor Bernardo Bello.
A operação
O MPRJ realizou, nesta sexta-feira (10), uma operação para prender o bicheiro Bernardo Bello Pimentel Barbosa. A Operação Banca da Vila também cumpriu nove mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e a integrantes da quadrilha voltada para prática de crime de lavagem de dinheiro, principalmente, pelo jogo do bicho, envolvendo a Escola de Samba Vila Isabel, a qual o contraventor foi presidente.
Além de Bello e Sheik, foram denunciados Marina Ritter Forny, Suely de Oliveira Mendes, Marilda Aparecida Lisboa Bastos, o ex-presidente da GRES Vila Isabel Fernando Fernandes dos Santos, Thaysa da Costa Mendes, Rodrigo dos Santos Cunha e Sonia Maria Rossi, mãe de Bernardo Bello.
As investigações tiveram início em 2020, a partir do cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos pelo I Tribunal do Júri da Comarca da Capital, em inquérito policial instaurado para apurar crime de homicídio tentado praticado contra Shanna Harrouche Garcia.
De acordo com a denúncia, na época dos fatos, ao chegar à casa do denunciado Bernardo Bello, a equipe do MPRJ se deparou com uma residência extremamente luxuosa, absolutamente incompatível com a renda por ele declarada, razão pela qual foi instaurado procedimento investigatório criminal (PIC) objetivando apurar eventuais crimes de lavagem de dinheiro cometidos por ele e demais pessoas posteriormente identificadas
Segundo a denúncia, a referida organização criminosa tem a finalidade de perpetrar o domínio da contravenção do jogo do bicho e a exploração de máquinas caça-níquel no Estado, além de todos os violentos e graves delitos daí decorrentes, como o extermínio de inimigos e opositores e a corrupção de policiais para garantir a perpetuação das infrações.
Até a noite desta sexta-feira (10), Bello não havia sido encontrado e continua foragido.