Rio - A diarista Claudia Maria da Silva dos Santos, de 54 anos, atingida por uma bala perdida, na Rodovia Washington Luiz (BR-040), recebeu alta médica nesta quarta-feira (28). A vítima estava internada no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde 17 de junho, quando foi baleada no mesmo horário e local em que Anne Caroline Nascimento Silva, 23, foi morta, durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Claudia Maria e o companheiro, José Vitório Gomes, voltavam de um culto de ação de graças, no bairro Vinte e Cinco de Agosto, em Duque de Caxias, por volta das 22h30, quando ouviram tiros próximos à saída da Linha Vermelha, na BR-040. Um deles ultrapassou o porta-malas do que carro em que eles estavam e acertou a diarista, que estava no banco do carona. Para a família, os disparos partiram da mesma ação da PRF que provocou a morte de Anne, já que não havia outra movimentação no local.
A vítima foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para o HMAPN com quadro de perfuração por arma de fogo em tórax à esquerda, com saída do projétil em dorso. Claudia precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico de emergência, com drenagem do tórax afetado, além de fratura de arco costal posterior. Após um período de internação na enfermaria e evolução de melhora em seu quadro clínico, a diarista deixou a unidade, às 16h15 desta quarta-feira.
Entenda o caso
A estudante de enfermagem Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, morreu após ser baleada em uma aborgadem na Rodovia Washington Luiz, por volta das 22h do dia 17 de junho. Segundo o companheiro da vítima, eles voltavam da comemoração dos sete anos de casamento, perceberam a presença de uma viatura na BR-040 e se prepararam para encostar. Entretanto, segundo a PRF, agentes foram alertados de que havia um veículo em alta velocidade, realizando manobras bruscas. Eles encontraram o carro do casal e deram ordem de parada. "O veículo ainda andou por cerca de quatro quilômetros antes de parar", informou a instituição, na ocasião.
O coletor de óleo, Alexandre Roberto Ribeiro Mello, nega que tenha desobedecido à ordem de parada. "Tenho habilitação, meu carro está em dia, não estava bebendo, não tem porque fazer nada além disso. Quando fui encostar o carro começaram a disparar sem parar, muitos tiros, meu carro está totalmente alvejado (...) Por que eu fugiria se meu pisca alerta estava ligado?", questionou. Ainda segundo ele, o automóvel foi atingido por cerca de dez tiros. De acordo com a PRF, o homem possui passagens por roubo e furto, mas não tinha nenhum mandado de prisão em aberto.
O agente responsável pelos disparos que mataram a estudante chegou a ser preso após a abordagem, mas recebeu liberdade provisória no dia seguinte, em uma audiência de custódia. O policial continua afastado preventivamente das atividades operacionais. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Federal e a Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal acompanha o caso, além de ter instaurado um procedimento interno. As diligências também pretendem identificar se o tiro que atingiu Claudia Maria partiu da ação da PRF. Procurada, a PF disse que "não divulga informações sobre eventual investigação em andamento, em especial as que tramitam sobre segredo de Justiça".
