Em tempos de calamidade social, a história de um jovem sonhador do Complexo do Alemão, Gabriel de Jesus da Paixão, de 18 anos, tem comovido os brasileiros. Músico universitário, nascido e criado na favela de Casinhas, Gabriel almeja ser uma das maiores referências em violino no mundo e dar aulas nas favelas do Rio. Para comprar seu primeiro instrumento, o carioca criou uma Vakinha (vaka.me/862378).
A história de Gabriel com o violino começou aos 10 anos, no projeto Ação Social pela Música, no Alemão. Apaixonado pela música clássica desde pequeno, ele conta que o desejo de ser violinista profissional norteou suas escolhas, como ter como primeira opção o curso bacharel em violino pela Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio).
"Brincava bastante na rua com meu irmão e um amigo, quando um dia este amigo disse 'vou poder brincar hoje não, vou para o curso de música'. Meu irmão ficou curioso e foi conhecer. Com uma semana de estudo, ele levou uma viola de arco que a ONG havia emprestado e eu fiquei curioso, vendo e ouvindo. Em um dia de aula, pedi para meu irmão me levar, lembro que fomos correndo! Cheguei lá e vi a professora Soraya Vieira tocando violino e fiquei apaixonado pelo som, quis tocar igual", narra.
Mesmo sendo 'spalla' (primeiro violino) de alguns grupos, Gabriel relata que não possui um instrumento profissional próprio, devido a sua condição financeira, dificultando a continuação dos estudos, o trabalho, a participação em concursos e provas para universidades fora do país. Por isso, ele resolveu criar a vaquinha.
"No Complexo sempre me deram apoio! Se tivessem dinheiro seriam os primeiros a contribuir ou até comprar o instrumento para mim. Já na internet conheci muita gente especial disposta a ajudar na construção desse sonho, nem que seja com compartilhamento nos stories e mensagens".
Muitos talentos sem atenção
O carioca relata que qualquer tipo de profissão imaginável tem o poder de mudar a realidade da população periférica, caso fossem amparados ou tivessem acesso às formações educacionais. De onde veio, há diversos cantores e cantoras, percussionistas, dançarinos, malabaristas e outros muitos intelectuais, entretanto, obstáculos como tempo, condições psicológicas e falta de oportunidade impedem que os holofotes sejam virados para os artistas das favelas. Gabriel pretende, ainda esse ano, participar de concursos, festivais e do "MasterClass" de música pelo Brasil, além de fazer novas especializações internacionais. Para entrar em contato com o jovem, acesse o perfil do Instagram (@g.bpaixao) ou no e-mail para paixaogabrielreal@gmail.com.