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'Não olham pra favela como um lugar de gente do bem'

FP do Trem Bala fala sobre seu início no funk e infância na comunidade

FP do Trem bala conta como foi sua vida em Rio das Pedras
FP do Trem bala conta como foi sua vida em Rio das Pedras -
'Alegria, movimentação, festa, amizades e barulho, tá ligado?". É assim que o funkeiro FP do Trem Bala, de 23 anos, resume suas melhores lembranças da comunidade Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, onde chegou aos 11 anos, vindo da Bahia, e conquistou seu lugar nos bailes e na música.
O jovem começou sua carreira em 2005 e estourou em 2006. Entre seus maiores sucessos estão 'FP Toca Aquela', 'Vamos Pra Gaiola' e 'Foi até Bom Te Encontrar'. Essa semana, o artista lançou seu mais novo EP e um documentário chamados 'Brotei! Da Favela Pro Mundo'. Tudo está disponível no canal oficial dele no Youtube.
FP conta que seus primeiros contatos com o funk 150BPM foram nos bailes que frequentava, como o da Nova Holanda. "Toda vez que tinha baile era um evento! Até que o DJ Rodrigo Fox acelerou as batidas das músicas no fim da festa e eu achei interessante, vi que as pessoas estranharam um pouco, mas não deixaram de curtir. Cheguei em casa, fiz meu próprio set. Até que eu lancei no meu canal do Youtube com o nome ritmo louco e estouro", lembra. 
E quando o assunto é a vida na favela, FP lembra que não existe os lados bom e ruim da vida em comunidade. O único problema, para ele, é o desrespeito. "A parte ruim só existe porque tem gente que não conhece, nem quer conhecer a favela. Essas pessoas que não olham pra favela como um lugar de gente do bem, de gente trabalhadora, é que criam o preconceito que faz a gente sofrer tanto. O lado ruim de morar na favela nem vem da própria comunidade, vem de fora. É do asfalto pro morro", afirma.
"E parte boa tem muitas. A gente é muito feliz morando em favela, porque a gente se ajuda, sabe como é? O favelado é unido e essa união você não encontra em nenhum condomínio chique", conta.
Uma das críticas que o funkeiro faz aos termos associados aos moradores de comunidades, como o significado pejorativo da palavra 'favelado'. "Sou favelado. Vim da favela, minha família, meus amigos, minhas referências também. Não sei quem começou a levar essa palavra 'favelado' pro lado ruim. E quando o assunto é preconceito, a gente enfrenta sempre, né? É o mal do ser humano."

'nÃO OLHAM PRA FAVELA COMO UM LUGAR de gente de bem'

Ao falar sobre o abandono das favelas por parte do governo, FP é taxativo: "Primeiro de tudo: respeitar o morador. Não adianta falar que vai fazer e acontecer se ninguém olha pra gente como ser humano. Falta água, luz, limpeza... É o básico, tá ligado? Isso é desumano. Depois, investir em saúde, cultura, no esporte, nas crianças e em lazer", aponta o artista.

Mesmo não morando mais em Rio das Pedras, FP está sempre na comunidade e até já se apresentou por lá. "Foi o estouro. Muito emocionante. Me senti grandão ali no palco, olhando pra geral e vendo meus amigos, família, vizinhos, todo mundo me apoiando e se divertindo junto comigo."

Porém, outro lado entristece o cantor: a violência e os inocentes mortos. "Todo dia ligamos a TV e vamos ouvir falar de criminoso rico, de político milionário roubando a gente. Mas na hora de falar de morte por "bala achada" é de pobre e favelado que a mídia fala."

FP do Trem bala conta como foi sua vida em Rio das Pedras JP Maia / Divulgação
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FP do Trem bala conta como foi sua vida em Rio das Pedras JP Maia / Divulgação
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