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A história ambiental no Morro da Babilônia, no Leme

Natasha Barbosa pesquisou o processo de reflorestamento do morro, rodeado de matas

Morro da Babilônia
Morro da Babilônia -
O Grupo Fundo de Quintal cantou e Mussum, em famosa cena dos 'Trapalhões', eternizou: "Lá no morro/Quando olho pra baixo/Acho a cidade uma beleza/E quando estou na cidade que eu olho pra cima/Fico contemplando a natureza". O Morro da Babilônia, no Leme, Zona Sul do Rio, é rodeado de vegetação. Aliás, paisagem bonita ali não falta! Natasha Augusto Barbosa, pesquisadora do Laboratório História e Natureza da UFRJ, estudou como foi o reflorestamento da vegetação do morro e a relação dos moradores com o meio ambiente.
Natasha lembra que as favelas cariocas, desde as primeiras construções, sempre foram vistas como um problema urbano a ser combatido. "De modo geral, a gente pode dizer que as favelas foram identificadas como problemas, fosse de ordem urbana, por exemplo, e também ambiental. Por desmatarem morros para a construção de suas casas, destruírem a paisagem, como na favela do Morro da Babilônia. São muitas a matérias de jornais no começo do século XX dando conta que a Babilônia destruía o bairro do Leme e a vista. A perda de cobertura vegetal contribui para que o solo perca estabilidade, e em períodos de chuvas intensas, os deslizamentos são a relação da favela com a natureza de forma negativa. E temos que pensar que esse é um processo que começa antes que a chuva caia!", comenta.
O Projeto Mutirão Reflorestamento começou em 1995 e encerrou a fase de plantio em 2000. A natureza e os moradores saíram ganhando. "Os moradores e reflorestadores (cooperados) relataram nas entrevistas que ambiente se tornou mais seguro com a redução do impacto das chuvas e risco de deslizamentos, controlou os incêndios e melhorou o clima do morro (ar fresco, sensação de bem estar, o calor não é mais tão intenso). A favela do Morro da Babilônia pode é um ótimo exemplo de auto organização, negociação e luta pela cidade", afirma Natasha.
"As demandas dos moradores do Leme, o 'asfalto', e da favela do Morro da Babilônia são diferentes. De um lado, a luta de preservação ambiental, e do outro a luta que ainda era de questões básicas para a sobrevivência no morro, como infraestrutura. Ainda que a percepção quanto a importância da preservação ambiental pudesse estar presente nos dois grupos, é evidente o contraste quanto as prioridades entre eles. O reflorestamento uniu meio ambiente ao social, e além de gerar emprego e renda aos moradores que trabalhavam no projeto".

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