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Cria de Queimados brilha e time vence Taça das Favelas de jogos eletrônicos

Aos 16 anos, Pedro Victor Cabral lidera a comunidade Parque Ipanema no futebol e no eSports

A final estadual da Taça das Favelas Free Fire aconteceu no último sábado
A final estadual da Taça das Favelas Free Fire aconteceu no último sábado -
O jovem Pedro Victor Cabral, de 16 anos, viu sua habilidade de dominar a bola com os pés no futebol migrar para a mão desde que começou a se dedicar aos jogos eletrônicos. O cria da comunidade Parque Ipanema, em Queimados, na Baixada Fluminense, acabou de ser campeão da Taça das Favelas Free Fire, uma versão de game do tradicional torneio de futebol que reúne atletas de comunidades do estado.
Com a mãe cozinheira e o pai desempregado, o jovem do Parque Ipanema vê no eSposts mais uma opção de vencer na vida. Ele já joga futebol no time da comunidade desde os 11 anos de idade.
"Há um ano, vi alguns amigos jogando em uma roda e comecei a me interessar. Eles falaram que se eu me dedicasse iria me destacar", lembra Pedro, que está no segundo ano do Ensino Médio e estuda no Colégio Estadual Dom João VI.

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Equipe campeã da Taça das Favelas Free Fire Divulgação / Parque Ipanema F.C.
João Victor é o capitão do time de eSposts do Parque Ipanema Arquivo Pessoal
O jovem também é craque no futebol Arquivo Pessoal
A final estadual da Taça das Favelas Free Fire aconteceu no último sábado Divulgação / Parque Ipanema F.C.
O Parque Ipanema tem times de futebol em todas as categorias do esporte Divulgação / Parque Ipanema F.C.
O jovem não só se aperfeiçoou no jogo de estratégia, como virou capitão do time formado por seis pessoas da comunidade da Baixada. O Parque Ipanema se tornou o campeão estadual do torneio realizado pela Cufa (Central Únicas das Favelas), no último sábado. A disputa reuniu 48 comunidades de todo o estado. 
PENEIRA COM 100 PESSOAS
Mas antes de chegar ao posto de capitão do Parque Ipanema, Pedro passou por uma peneira daquelas. Até a Taça das Favelas Free Fire, a comunidade não tinha uma equipe de eSports. Foi quando o time resolveu fazer uma seleção, que teve cerca de 100 candidatos
"Desde 1997, a gente trabalha com futebol, tendo equipes em todas as categorias. Esse ano, como a Taça das Favelas não teve o formato de futebol por causa da pandemia, a Cufa teve a ideia desse novo formato para ocupar os jovens", explica o coordenador do time, Paulo Silva.
Paulo conta que muitos dos garotos que jogam futebol no Parque Ipanema também tem se dedicado aos jogos eletrônicos. Pedro mesmo diz que fica ligado no game por cerca de 10 horas por dia.
"Meu pai me apoia. Desde sempre me apoiou em qualquer decisão. Só que ele fala para eu estudar, porque qualquer coisa tem que ter o estudo", afirma o jovem de Queimados.
Acostumado a lidar com jovens e o futebol, o coordenador do Parque Ipanema diz que até pouco tempo tinha uma certa ressalva dos jogos eletrônicos.  
"Eu achava que esses jogos deixavam os meninos abitolados, mas hoje vejo que a realidade é diferente. Alguns meninos acabam ficando desestimulado no futebol porque não tem muita habilidade técnica, aí pode seguir outro caminho", defende.
DUPLA DISPUTA
Depois que foi campeão estadual do Taça das Favelas Free Fire, o Parque Ipanema já se prepara para a fase nacional do torneio, que começa no próximo de semana. De sexta a domingo, serão realizadas as eliminatórias entre os 26 estados mais o Distrito Federal. A grande final vai acontecer no dia 5 de dezembro.
A equipe da comunidade de Queimados terá outra grande decisão também neste fim de semana. No sábado, o time vai disputar a final da Copa da Baixada, mas desta vez no futebol, contra São Gonçalo.
"Eram 12 equipes no início do torneio, com vários clubes tradicionais. A gente passou da primeira fase invicto", detalha Pedro, sobre a disputa que acontecerá no Estádio Niélsen Louzada, o Louzadão, em Mesquita, ainda na Baixada.
Caso o Parque Ipanema dispute a Taça das Favelas no sábado, o time terá que decidir se Pedro vai jogar com os pés no Louzadão ou com as mãos no Free Fire.  
"O Pedro é uma referência dentro e foca de campo, ele é o capitão do time, no futebol também. Se as duas disputas caírem no mesmo horário, ele terá que participar apenas de uma", avisa Paulo. 

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