'O RAP É COMPROMISSO'

O hip hop e a política de cotas nos trouxeram o Prese, um grupo de rap formado por três estudantes do 9º andar da Uerj Maracanã. Sahlim (Gabriel), Saú (Marcio) e Arkhimedes (William), jovens, negros e periféricos que viram na universidade a oportunidade de transformar a vida das suas famílias e suas quebradas e se juntaram para transformar também a realidade da própria universidade.

Prese é uma palavra do vocabulário Crioulo Haitiano que significa correria. A identificação com o nome atinge o grupo desde a infância, nas batalhas diárias que cada integrante vivenciou para conseguir alcançar a educação superior. Porém, também é uma identificação com o próprio público que vive essa mesma realidade. "A gente quer que quem ouça a música sinta duas coisas diferentes, uma ouvindo o beat (instrumental) e outra ouvindo a letra", diz Sahlim, estudante de filosofia e o beatmaker do grupo.

Sempre trazendo fortes referências como "Do Contrato Social", livro de Rousseau e o Movimento Mães de Maio, uma rede de mães vítimas da violência do Estado, com objetivo em não menosprezar a capacidade de compreensão do público em geral, o grupo tem como objetivo "levar os conhecimentos da universidade para o palco", afirma um dos membros, o também estudante de filosofia Saú.

Como estudantes cotistas e beneficiários do auxílio vulnerabilidade da Uerj, como é o caso do estudante de ciências sociais Arkhimedes, falam de seu alto rendimento quanto às notas e intensa participação na universidade por um compromisso com as políticas que os possibilitaram acesso ao ensino superior. É possível notar o mesmo compromisso do grupo também pela música, pois estão atualmente gravando seu primeiro álbum e prometem "deixar um legado de conceitos criados através da música", afirma o artista.