Mais Lidas

Rebecca lança 'Barbie' e questiona padrões: 'Ver beleza em traços diferentes'

Cantora, que nasceu e cresceu no Morro São João, fala sobre música em parceria com Danny Bond, Lexa e Pocah

Rebecca
Rebecca -
Rio - Nascida e criada no Morro São João, no Engenho Novo, subúrbio do Rio, a cantora Rebecca furou a bolha da falta de oportunidades nas favelas e se tornou um dos principais nomes femininos do funk carioca. Neste mês, em parceria com Danny Bond, Lexa e Pocah, lançou sua aposta para o verão de 2022, o single "Barbie", que propõe reflexão sobre os padrões impostas à sociedade. Em entrevista ao Meia Hora, ela fala sobre o lançamento, gravação do videoclipe, representatividade e o que espera para o ano de 2022.
A música "Barbie" é quase um protesto bem-humorado sobre padrões de beleza. Qual é o seu objetivo em lançar essa faixa?
Eu quero passar a mensagem de que todas nós podemos ser Barbies, não só aquele padrão de cabelo liso, louro e corpo magro. Barbie é um dos primeiros brinquedos que nós, mulheres, ganhamos. Mas a gente não faz ideia do quanto é ruim a longo prazo, o quanto é difícil sair desse estereótipo e ver beleza em traços diferentes.
Sendo uma mulher brasileira e negra, como foi crescer tendo como padrão de beleza aceito o da Barbie?
É difícil crescer sem ver a nossa cor nas vitrines, na TV, nos brinquedos… Esses lugares pareciam impossíveis de serem alcançados por nós. Mas me deixa muito feliz ver a diversidade das bonecas hoje. Olhar a minha filha se sentindo representada me emociona demais, é uma conquista.
E como você se enxerga hoje aos 23 anos de idade?
Estou muito feliz e realizada com tudo o que a música me proporcionou. Pude melhorar a minha condição de vida e de toda a minha família. Consigo entender cada vez mais a importância de uma mulher como eu cantar o que eu canto, ocupar certas posições e frequentar certos lugares.
Soube o que o videoclipe é o mais caro da sua carreira, como foi construí-lo?
A gente quis trazer uma Barbie anos 90 porque, na minha infância, eu não tinha referência de Barbies que fossem pretas, atualmente eu já consigo encontrar Barbies para minha filha brincar e se identificar. Entrei nesse mundo cor de rosa da Barbie com muito funk e roupa de grife (risos) porque a gente também pode.
Como nasceu a parceria com Danny Bond, Lexa e Pocah para participar deste lançamento?
Surgiu da minha vontade de enaltecer outras mulheres e fazer com que elas se sintam representadas. "Barbie" traz essa diversidade. Quatro mulheres periféricas, diferentes entre si e todas são Barbies completamente livres de qualquer padrão.
A música já é um sucesso. O videoclipe ultrapassou um milhão de views no YouTube em pouco tempo. Como tem sido o feedback?
Nossa, eu estou muito feliz. Porque, além de ser uma música que faz um protesto, ela é pra ser dançada. E todo mundo está fazendo a coreografia nas redes sociais. Acho que o público está curtindo demais.
Aos 23, você furou a bolha da falta de oportunidades que existe dentro das favelas e áreas periféricas. Como se sente sendo inspiração para outras meninas pretas?
Eu fico muito feliz em poder servir de exemplo. A música sempre esteve muito presente na minha vida, desde que frequentava o Salgueiro, e me abriu portas muito importantes. É uma responsabilidade muito grande influenciar meninas que estão persistindo para realizar seus sonhos. Mas isso me dá mais força para continuar.
E o que você espera do ano de 2022?
Eu espero que todo mundo se vacine e que possamos voltar com tudo. Estou louca para cantar e ver o povo cantando “Barbie" comigo.
Rebecca Rodolfo Magalhães
Rebecca, Lexa, Pocah e Danny Bond Rodolfo Magalhães
Rebecca, Lexa, Pocah e Danny Bond Rodolfo Magalhães
Lexa Rodolfo Magalhães
Rebecca Rodolfo Magalhães
Pocah Rodolfo Magalhães
Danny Bond Rodolfo Magalhães

Comentários