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'Precisei ser a maior de tudo pra concluir que sucesso não é você ser a maior de nada', diz Anitta

Cantora conta tudo sobre sua nova música, 'Boys Don't Cry'

Anitta lança Boys Don't Cry
Anitta lança Boys Don't Cry -
Rio - Uma das artistas brasileiras com maior reconhecimento internacional, Anitta lançou no final de janeiro a música "Boys Don't Cry" (Meninos não choram, em tradução livre), que fez com que a cantora de 28 anos aumentasse ainda mais a sua relevância no cenário musical norte-americano. Em um bate-papo descontraído, a artista fala sobre o clipe da canção, que faz referência aos seus filmes favoritos, revela que a inspiração para a música surgiu após alguns ex-namorados tentaram reatar com ela e afirma que sua concepção de sucesso mudou: 'Antes eu achava que sucesso era 'ultrapassei fulano, ultrapassei beltrano'. Hoje em dia eu não estou nem aí'.
Boys Don't Cry é diferente de tudo que você já lançou. Esse é o novo som que Anitta entregará daqui pra frente? Você acha que esta é uma música fora da sua zona de conforto?
No estúdio, ela está totalmente diferente de tudo que eu fiz, mas não está fora da minha zona de conforto porque eu tive uma fase na minha vida muito roqueira. Fui roqueira a minha adolescência toda. Até tem uns memes no Twitter com foto minha de quando eu era emo. Eu ia pra show de rock, me vestia toda de preto, tinha o cabelo meio vermelho… Então, é só um lado meu que já existia e a galera não conhecia. Eu sou muito de fazer o que me dá na telha no momento. Não tem muito isso de 'é o que você vai fazer daqui pra frente' porque eu sou muito de fazer o que me der na telha.
As buscas pelo seu nome nos Estados Unidos cresceram 400% depois do lançamento da música. O que você acha dessa repercussão? 
Eu estou fazendo as coisas sem número, sem ficar olhando resultado porque isso dá muita pressão e existe uma expectativa dos brasileiros por nunca terem visto nada assim (com um artista do país antes). Fica uma pressão das coisas serem rápidas e grandes como são no meu país e eu não quero essa pressão porque as pessoas esquecem o tanto de 'hate' (ódio) que eu levei no Brasil por anos e anos. Mais de sete anos só levando 'hate'. Hoje em dia, o povo sabe o que é cultura do cancelamento. Quando alguém está sendo muito cancelado o povo fala 'gente, para, isso causa suicídio, depressão'. Amor, na minha época ninguém nem falava disso. Era só 'mete o pau nessa garota e que se dane se ela vai aguentar, se não vai'. Eu fiquei sete anos levando hate até as coisas rolarem… Mas que legal, nem eu sabia que cresceu 400%.
Você está transitando entre vários estilos: Funk, Reggaeton... Essa sempre foi uma vontade sua? 
Eu sempre fui uma pessoa que escutava de tudo. Sempre fui eclética, sempre escutei tudo desde pequena. Eu nunca gostei dessa coisa de 'Pra cantar funk, você tem que ser do funk. Pra cantar, pra cantar rock, você tem que ser do rock'. Eu não tenho que ser de cacet* nenhum. Eu tenho que gostar e fazer o que eu tiver que fazer. Quem gostar, gostou. Quem não gostar, não gostou. Não é obrigado a ouvir. Eu faço o que me dá vontade. A minha vida inteira eu ouvi um pouco de tudo. Então, por que eu não posso cantar um pouco de tudo? Eu gosto do ritmo, eu faço. Faço bem feito. Quem gostou gostou, quem não gostou paciência.
O clipe de Boys Don't Cry tem referências a filmes como 'Harry Potter', 'Nova em Fuga', 'Titanic', entre outros. Como surgiu essa ideia?
Todas as inspirações que eu pego pros meus trabalhos vem de filmes e de séries. Eu nunca assisto a nada de cantores porque eu não quero ser influenciada. Automaticamente, quando a gente vê alguma coisa que a gente gostou muito, o nosso cérebro, indiretamente, meio que copia. Eu assisto muitos filmes, muita série. E aí o clipe eu resolvi fazer numa estética de Tim Burton (cineasta), que é uma coisa meio dark mas ao mesmo tempo pop, meio divertida. Só que com cenas de filmes que eu adoro. Foi assim que surgiu o clipe.
A letra da música fala sobre mulheres fortes, que não se deixam controlar pelos homens. Ela foi inspirada em algo pelo qual você já passou? 
Eu estava no estúdio e tinha uns ex-namorados me enchendo o saco, vindo atrás de mim... Sempre que eu estou no estúdio, eu tento falar de algo que esteja rolando no momento na minha vida. Aí tinha ex querendo voltar... Eu quis falar que eles não aguentam quando a gente não é dependente. Tem homem que realmente não aguenta quando uma mulher é muito dona de si, ou quando a mulher tem muita atitude, quando a gente sabe muito o que quer. Tem homem que não consegue nem lidar com isso. Eles ficam arrasados. Eles vem achando que eles vão dar o nome deles e eu faço o jogo virar e eles ficam tristes.  
É muito comum agora os artistas fazerem ações no TikTok para o lançamento das músicas. Você pretende fazer algo desse tipo? 
Aqui nos Estados Unidos não funciona assim. No Brasil funciona. As coisas aqui fluem bem mais orgânicas. Eu não estou pensando em nada, não vou ficar forçando coisa só para pegar no TikTok. Eu não sou Tiktoker, não vou ficar forçando uma dancinha que eu nem acho que combina. Eu uso o TikTok quando me dá na telha, faço umas brincadeiras, se eu pensar em alguma coisa eu vou fazer, mas não vou ficar dando murro em ponto de faca não.
Você comentou que, após tantos anos de carreira, os números e gráficos têm outro significado para você. Pensando no seu momento atual, o que é atingir o sucesso?

Mudei muito meu conceito de sucesso. Antes eu pensava que sucesso era ter o maior número, ser a maior disso, a maior daquilo… Eu precisei ser a maior de tudo mesmo pra chegar a conclusão que sucesso não é você ser a maior de nada. Sucesso é você ser feliz com as coisas que você estar fazendo, é você estar feliz em todas as áreas da sua vida, é você poder fazer as coisas com a autonomia, você poder fazer as coisas que você sonha. Sucesso é você ser livre para fazer o que quiser. Antes eu achava que sucesso era 'ai, ultrapassei fulano, ai, ultrapassei beltrano'. Hoje em dia eu não estou nem aí. As vezes fulano ultrapassou ciclano mas está arrasado, triste por outras coisas… Sucesso pra mim é estar feliz, estar bem, estar fazendo o que gosta. 
Você tem dimensão da sua importância e relevância para o público brasileiro?

Eu tenho. Antes eu não ficava falando, achava iam falar 'olha ela se acha'. Mas se eu não tiver essa consciência, essa noção, me valorizar e der a devida importância às coisas que eu fiz, ninguém vai dar. Acho muito importante a gente se valorizar. Hoje em dia eu tenho, sim, dimensão da minha importância, da minha relevância. Muita gente aqui fora me fala isso, e eu fico muito feliz. Tento fazer jus, mas só peço a todos os brasileiros que entendam que é um processo, que demora e que não fiquem me pressionando para que as coisas sejam rápidas porque já está muito rápido. Tem gente que nasceu aqui (nos Estados Unidos), mora aqui, fala inglês desde que nasceu e só chega ao sucesso depois de 12 anos de tentativa. Eu já estou conseguindo coisas só com um ano. É muito rápido, é muito incrível.
Anitta lança Boys Don't Cry fotos Divulgação
Anitta lança Boys Don't Cry Divulgação
Anitta lança Boys Don't Cry Divulgação
Anitta lança Boys Don't Cry Divulgação
Anitta lança Boys Don't Cry Divulgação
Anitta lança Boys Don't Cry Divulgação
Anitta no clipe da música Boys Don't Cry Reprodução
Referências de cinema no clipe Reprodução
Anitta no clipe da música Boys Don't Cry Reprodução
Anitta no clipe da música Boys Don't Cry Reprodução
Capa do single Boys Dont' Cry Divulgação

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