O recente lançamento do cantor Baco Exu do Blues, de 26 anos, traz um questionamento no título: "Quantas vezes você já foi amado?". O disco, lançado pelo selo 999 com distribuição da Altafonte, fala sobre a forma de um homem preto receber e dar afeto e promove muitas reflexões. Na semana de estreia, o trabalho figurou entre os álbuns mais ouvidos no mundo, segundo o Spotify. Em entrevista ao MEIA HORA, o baiano fala sobre a construção do álbum e celebra a repercussão positiva do lançamento.
O disco traz uma pergunta inquietante logo no título. Gostaria de devolvê-la: quantas vezes o Baco Exu do Blues já foi amado?
O amor é uma construção, é uma idealização muito doida, de um lugar muito bonito, mas específico e para pessoas específicas. É como a representação do céu que a gente vê quando é criança. A gente olha para as pinturas da Igreja e vê um céu de anjos brancos, santos brancos… É um céu selecionado. O amor passa pelo mesmo lugar, de ter sido selecionado para pessoas que não se parecem comigo. Então, amado da forma que eles pintam, nenhuma.
Quais foram as angústias que levaram você, um homem negro e nordestino, a criar esse álbum?
A sensação de achar que as relações no geral, não só amorosas e afetivas, pareciam sempre complicadas comigo. Por que eu e pessoas parecidas comigo tinham tantas questões? E por que parece ser tão fácil e tranquilo ser aceito do jeito que se é para outras pessoas? Foi a mistura de várias coisas, traumas, medos e inseguranças antigas.
A sensação de achar que as relações no geral, não só amorosas e afetivas, pareciam sempre complicadas comigo. Por que eu e pessoas parecidas comigo tinham tantas questões? E por que parece ser tão fácil e tranquilo ser aceito do jeito que se é para outras pessoas? Foi a mistura de várias coisas, traumas, medos e inseguranças antigas.
Seu objetivo era curar esses traumas?
Não, em um primeiro momento, era criar discurso, trazer pessoas que nunca se questionaram sobre afetividade, sobre como isso é importante na própria vida, de trazê-las para esse tema.
Não, em um primeiro momento, era criar discurso, trazer pessoas que nunca se questionaram sobre afetividade, sobre como isso é importante na própria vida, de trazê-las para esse tema.
Como foi a construção dele sonoramente?
Foi um apanhado de tudo que eu escuto. Eu bato tudo no liquidificador e faço a minha arte. Tento não me prender a nada, a nenhum lugar. Costumo dizer que faço o que eu sinto que tenho de fazer, como eu tenho que expulsar aquele sentimento. Por isso, cada música tem um sentimento, uma vibe e uma melodia próprias.
Foi um apanhado de tudo que eu escuto. Eu bato tudo no liquidificador e faço a minha arte. Tento não me prender a nada, a nenhum lugar. Costumo dizer que faço o que eu sinto que tenho de fazer, como eu tenho que expulsar aquele sentimento. Por isso, cada música tem um sentimento, uma vibe e uma melodia próprias.
O álbum chegou a ser o quinto mais ouvido no mundo na semana de estreia no Spotify. O que representa para você?
Isso é muito doido. Um momento especial na minha vida. Até hoje, o CD está entre os que mais viralizam no Spotify Mundial… É muito surreal pensar nisso. Teve impacto na semana de estreia e, depois de um mês, as pessoas continuam consumindo. Me entreguei, me abri para o mundo e ele se abriu para mim de volta. Saber que fiz algo do fundo do meu coração e alguém se identificou, é muito fod*.
Isso é muito doido. Um momento especial na minha vida. Até hoje, o CD está entre os que mais viralizam no Spotify Mundial… É muito surreal pensar nisso. Teve impacto na semana de estreia e, depois de um mês, as pessoas continuam consumindo. Me entreguei, me abri para o mundo e ele se abriu para mim de volta. Saber que fiz algo do fundo do meu coração e alguém se identificou, é muito fod*.
O disco traz trechos de Vinicius de Moraes e Gal Costa. Quais são suas influências?
Todo o movimento da Tropicália tem uma influência muito direta em mim. Sou influenciado por outros artistas também, mas o movimento da Tropicália é o que mais me marca musicalmente falando. É a galera que criou meu caráter musical.
Todo o movimento da Tropicália tem uma influência muito direta em mim. Sou influenciado por outros artistas também, mas o movimento da Tropicália é o que mais me marca musicalmente falando. É a galera que criou meu caráter musical.
E traz parcerias com Gloria Groove e Muse Maya. Como surgiram esses duetos?
As músicas só dariam certo com elas duas. A Muse Maya tem a voz que eu precisava para aquela música, não sei explicar, mas tem completamente a mensagem do refrão que eu escrevi. E a Glória, para mim… Esse é o nível de artista que eu quero alcançar. É uma pessoa que eu queria muito compartilhar uma música. Sou muito fã há muito tempo.
As músicas só dariam certo com elas duas. A Muse Maya tem a voz que eu precisava para aquela música, não sei explicar, mas tem completamente a mensagem do refrão que eu escrevi. E a Glória, para mim… Esse é o nível de artista que eu quero alcançar. É uma pessoa que eu queria muito compartilhar uma música. Sou muito fã há muito tempo.
Você já foi vítima de intolerância religiosa. Como explicar esse preconceito em pleno 2022?
É simples. Fora da nossa bolha, a questão do respeito ao próximo não é tão nítida ou tão racional quanto a gente acha que é. Querendo ou não, estamos em uma bolha, para o bem ou para o mal. E a gente não tem muita noção do que acontece do outro lado e de como funcionam essas cabeças… Na verdade, até tem, mas é difícil acreditar que funcionam dessa forma. Infelizmente, são várias pessoas com criação escrota de país, de história, de mundo. É preciso ser resistência, e se blindar para qualquer tipo de intolerância.
É simples. Fora da nossa bolha, a questão do respeito ao próximo não é tão nítida ou tão racional quanto a gente acha que é. Querendo ou não, estamos em uma bolha, para o bem ou para o mal. E a gente não tem muita noção do que acontece do outro lado e de como funcionam essas cabeças… Na verdade, até tem, mas é difícil acreditar que funcionam dessa forma. Infelizmente, são várias pessoas com criação escrota de país, de história, de mundo. É preciso ser resistência, e se blindar para qualquer tipo de intolerância.
Recentemente, você contou que foi o “culpado” por terminar com o relacionamento de uma fã por tirar foto com ela. O que aconteceu?
Eu estava na praia e veio um grupo tirar foto comigo. A mina estava com muita pressa de tirar foto e falava do marido toda hora, que ele viria procurar problema. E foi o que deu. O maluco não chegou perto de mim, mas a chamou de longe e eles começaram a discutir. Depois, ela veio chorando e falou: ‘obrigada, por causa dessa foto, eu terminei meu noivado no meio do Carnaval’. E saiu batendo pé. Foi algo doido.
Eu estava na praia e veio um grupo tirar foto comigo. A mina estava com muita pressa de tirar foto e falava do marido toda hora, que ele viria procurar problema. E foi o que deu. O maluco não chegou perto de mim, mas a chamou de longe e eles começaram a discutir. Depois, ela veio chorando e falou: ‘obrigada, por causa dessa foto, eu terminei meu noivado no meio do Carnaval’. E saiu batendo pé. Foi algo doido.
Ucrânia acusa Rússia de bombardear esc...
Com o fim do verão, outono começa nest...
Preparando álbum de inéditas, TZ da Co...
Amaral é o oitavo desmascarado do 'The ...
Arão comenta chance do Flamengo conquis...
Falso policial é preso por PMs depois d...
Mega-Sena paga quase R$ 94,6 milhões pa...
Nenê analisa postura do Vasco em derrot...
'BBB 22': 'Ele nunca vai ter filho', diz...