Mais Lidas

‘Representatividade define’, diz DJ Th4i sobre se apresentar com Lia Clark no Rock in Rio

Nascido e criado em uma comunidade de Niterói, cantor fará seu primeiro show solo no festival e promete agitar o público com a participação especial da drag queen

DJ Th4i fará sua primeira apresentação solo no Rock in Rio, que contará com a participação especial da drag queen Lia Clark
DJ Th4i fará sua primeira apresentação solo no Rock in Rio, que contará com a participação especial da drag queen Lia Clark -
Rio - O DJ e cantor Th4i promete agitar o público durante sua primeira apresentação solo no Rock in Rio, na próxima quinta-feira (8), e pretende ampliar a representatividade do evento através da participação especial da drag queen Lia Clark. Nascido e criado em uma comunidade de Niterói, Th4i tornou-se multi-instrumentista e também trabalhou como produtor musical e compositor para artistas como Pocah, Luiza Sonza, Cleo e MC Carol. A relação com Lia surgiu há alguns anos, por intermédio de trabalhos realizados com a artista, que é a drag queen de maior destaque no cenário do funk carioca. Juntos, os dois desejam preencher a Cidade do Rock com sua arte.
Th4i, sabemos que você, apesar de muito jovem, já é multi-instrumentista. Desde quando você está em contato com os instrumentos musicais? Como foi esse processo de aprendizagem?
Desde que eu nasci. Na minha família, todo mundo é músico. Meu pai toca guitarra desde sempre, meus tios tocam baixo, percussão, bateria e outro teclado, então, já nasci nesse meio. Todo final de semana era resenha com um ou outro, tinha música, todo mundo se juntava, tocava… Eu sempre fui curioso, sempre meti a mão na massa e mesmo sem fazer curso de nada, acabei ‘pegando’ os instrumentos sozinho.
Além da sua família, houve outros artistas que te inspiraram a ingressar na música?
Sempre tem, né?! Eu sempre ouvi de tudo, sou muito eclético, ouvia vários artistas. Mas acredito que minha inspiração maior seja realmente ter crescido nesse meio, porque é algo muito natural para mim… É como se fosse uma espécie de instinto, entende? Desde sempre eu quis fazer música, queria estar envolvido com a música, então, é como se fosse de nascença.
Vimos seu trabalho em parcerias com diversos artistas e gostaríamos de saber: além de integrar parcerias "avulsas", você também pretende fazer um álbum solo, que possua alguns feats?
Eu tenho muita vontade! Como eu também sou produtor musical, as parcerias são inevitáveis, pois acabo trabalhando com muitos artistas, é muito natural, mas com certeza, no próximo ano, eu quero fazer uma coisa mais concisa. Algo mais estruturado, como um álbum, mas prezando também os feats, porque tudo é muito legal quando dividimos com outras pessoas.

Quais nomes você pensa para realização desses feats? Quem são os artistas com quem você ainda deseja montar uma nova parceria?
Um dos nomes que eu mais quero é a Anitta, porque além de ser representante do funk, ela também traz uma veia pop muito diferente. Mas também o Djonga, que é do rap, porque eu queria muito fazer um som com ele. Além da Liniker, que é muito boa. Tem muita gente com quem eu queria trabalhar, porque tem muita gente boa no Brasil, mas de cara assim, seriam esses. Alguns eu não posso citar, mas em breve estarão saindo mais coisas, com novos artistas…
Falando em trabalhar com outros artistas, como surgiu a relação entre você e Lia Clark?
Nos conhecemos há muito tempo e trabalhamos juntos em diferentes obras desde 2017. Nos unimos para criar o Ep "Lia (pt.1)" e, desde então, estamos cada vez próximos profissionalmente.
Como vocês se sentem em ocupar um espaço como o Rock in Rio?
Th4i: Para mim é muito gratificante, uma sensação muito única, estar em um dos maiores festivais de música do mundo representando o funk. É muito especial trazer essa bandeira e, ainda mais, poder convidar a Lia, que é uma amiga de longa data e também pela representatividade que ela vai trazer para o palco.
Lia Clark: Olha, eu ainda não consigo mensurar, entender e olhar para este sentimento. Agora, pronto, a primeira coisa que eu sinto é felicidade, orgulho e euforia. Mas acho que após pisar no palco, depois da apresentação, eu vou entender o real sentimento. É porque a partir do momento em que eu percebi que estava dando certo no funk, como artista, que as pessoas estavam comprando essa ideia, fiquei muito feliz e sempre me imaginava nesses grandes festivais… E nesse momento da minha carreira, estando nesse Espaço Favela, que conversa totalmente com conceito do meu álbum, será o momento perfeito. Poderei inspirar outras 'bichas' pretas, afeminadas e faveladas como eu, mostrando que dá para ocupar um lugar como esse.
Qual é a importância de ter pessoas negras, periféricas, que defendem um gênero musical tão marginalizado na nossa sociedade, apresentando suas obras em um local que traz tanta visibilidade ao artista?
Th4i: É mais uma bandeira sendo levantada em um festival de grande expressão. Caminharemos com três representatividades muito fortes, que são a negritude, a periferia e os LGBTs. Será um show em que as pessoas se sentirão representadas. Há pouco tempo fui na casa da minha avó, na favela onde morei, e a tia de um amigo de infância me encontrou na rua e disse que está 'amarradona' no meu crescimento e que sempre me usa de exemplo. Algumas pessoas falam que quem nasce na favela vai virar bandido e ela me usa como exemplo contrário disso, explicando que eu também nasci lá, mas hoje, sobrevivo da música. Então, acho que o grande 'lance' disso tudo que está acontecendo é servir de exemplo para outras pessoas, a maior glória disso tudo é poder fazer com que outros se sintam representados.
Lia Clark: Para mim, o que mais 'pega' neste momento, na minha carreira, na minha vida, é com certeza inspirar outras pessoas. Eu, graças a Deus, tenho, já tive e terei oportunidades de fazer coisas muito grandes na minha carreira. Olhando para trás, quando eu estava crescendo, era criança, pré-adolescente, eu não via isso… Não via uma drag queen em rede aberta, cantando sua própria música. Não via legião de fãs de drag queens e nem de muitos outros artistas LGBTQIA+. Meu propósito é 100% representatividade, servir de inspiração para novas pessoas, novos artistas, pessoas LGBTs, que não se viam como artistas em potencial e, hoje em dia, não só comigo, mas também com outros artistas LGBTQIA+, conseguem sentir-se representados.
Por fim, o que o público pode esperar da apresentação de vocês no Espaço Favela do Rock in Rio 2022?
Th4i: A gente vai fazer um show muito dançante! Gosto muito do funk, 'tamborzão', e vou misturar com muitos instrumentos, sax, guitarra, bateria ao vivo. Além disso, pretendemos passar uma mensagem, porque tudo isso só vale a pena se pudermos passar uma mensagem, como dissemos, representar os outros de alguma forma.
Lia Clark: Podem esperar de tudo, mas com certeza, muito funk! Vamos focar, majoritariamente, no funk, porque é o que eu faço e é a origem do Th4i, mesmo que ele toque de tudo. A gente quer trazer o estilo para grandes lugares, grandes festivais, e o Espaço Favela vai ser um momento muito icônico! Claro, vai ter aquela pitada de popstar, porque sou muito fã de divas do pop, como Beyoncé e Madonna, mas será uma mistura do funk 'debochado', favela, com uma pitada de pop.
Reportagem da estagiária Esther Almeida sob supervisão de Tábata Uchoa
DJ Th4i fará sua primeira apresentação solo no Rock in Rio, que contará com a participação especial da drag queen Lia Clark Divulgação
DJ TH4I fará sua primeira apresentação solo no Rock in Rio 2022 Divulgação
DJ Th4i fará sua primeira apresentação solo no Rock in Rio Divulgação
Lia Clark, a drag queen do funk Arquivo pessoal
Lia Clark, a drag queen do funk Arquivo pessoal

Comentários