Dia do Professor! Pedagoga faz apelo na internet para conseguir material escolar da filha

Adriana Fernandes é professora, mãe e 'guerreira'. Moradora do bairro de São Vicente, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A pedagoga fez um apelo nesse Dia dos Professores. Em seu perfil no Facebook pediu que amigos, família e conhecidos compartilhassem a postagem para que sua filha Giovanna, de 13 anos, ganhasse um ano de material didático de uma editora. Em conversa com o #QueIssoGordinho, ela revelou o motivo do apelo.

"Fiz pela dificuldade que tenho todo ano de comprar o material pedagógico que são caros demais. Não é só isso, além deles tem outros como cadernos, estojos, e por aí vai. Mesmo assim, todo ano, venho sendo abençoada. Conto com a ajuda da família e também do próprio colégio, que é minha segunda família. Por outro lado tem outros custos esse estudo. Tem as passagens diárias e é tudo comigo, pois bolsistas de ensino fundamental não tem direito. Acho isso um absurdo, pois liberam para faculdades. Adultos podem trabalhar, mas crianças não", desabafa Adriana, que ainda contou que duas de seus três filhos precisam desse material didático.

Segundo a professora, o material didático completo, com o material escolar para uma filha é por volta de R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil.

 

"Na campanha eu pedi para uma filha só. E são duas nessa situação. É pesado para minha família. São quase três mil reais", a pedagoga falou  da sua luta para se formar e conseguir seu diploma.

"Tive, por muitas vezes, que trancar a matrícula na faculdade por falta de grana. Entre idas e vindas demorei 10 anos até conseguir me formar. Me formei em 2009, no curso de Pedagogia com Licenciatura em Educação Infantil até as séries inicias, hoje conhecido como Ensino Fundamental I", diz a professora, que orgulho de toda família por ser a primeira conseguir chegar e concluir o Ensino Superior.

"Aqui é casa a família é grande. Tem o Miguel, de 2 anos, a Julia, de 9 e a Giovanna, de 13 anos. E meu marido, meu parceiro de vida e o pai dos meus filhos Carlos Jose, de 35 anos", diz  a pedagoga que faz 'malabarismos' com o esposo vigilante para manter as contas em dia.

"Ele é vigilante, mas atualmente está desempregado. Faz bicos. Trabalhando como segurança em diversas feiras livres do Rio", conta a professora que trabalha no Rio de Janeiro e todos os dias vem, com os filhos, da Baixada Fluminense em buscas de um futuro melhor.

"Todos meus filhos estudam no colégio Helio Alonso, no Meier (Zona Norte do Rio). Esse meu trabalho é uma maravilha e me proporcionou estar mais perto dos meus filhos já que moro longe demais e ficaria horas longe deles. Brinco que o colégio é uma mãe. Amo o 'CHA', assim que o chamamos. Somos uma grande família", conta Adriana, que atua como mediadora no colégio Hélio Alonso e trabalha crianças especiais.

O dom de lecionar veio aos poucos como explica a professora.

"Na verdade o curso de Padagogia não foi uma escolha, não era o que eu queria, mas era o que minha madrinha Rosangela Sarinho podia pagar. Era o curso mais barato da Época. Mas Deus é perfeito. Foi na pratica, olhando meus alunos nos olhos, que descobri a magia e o significado ser professor, para mim atuar com corações todos os dias. Por isso, dou o meu melhor sempre", garante a profissinal.

Adriana Fernandes não deixa a peteca cair e sempre traz um sorriso no rosto.

"Esse sorriso que trago comigo faz parte de mim. Como se fosse um membro meu. Tenho muitas dificuldades, frustrações, só Deus sabe dos meus sonhos, me sinto incompleta de não oferecer uma vida melhor para meus filhos, que são minhas riqueza e herança", afirma a pedagoga que mesmo na dificuldade não deixa de acreditar.

"Eu acredito. Eu simplesmente acredito. E a educação ninguém vai tirar dos meus filhos. Através da educação alcançamos o profundo, sonhos. O professor se envolve de verdade com seus alunos, se preocupa, conhece as qualidades, defeitos, conhece seu aluno por inteiro, não trabalhamos com objetos, mas sim com pessoas, o nosso coração está em uma sala de aula", diz a professora, que acredita em um mundo onde as diferenças não atrapalhem o aprendizado e sejam um incentivo para se mudar a realidade.

"Entro na sala de aula com um olhar transformador. Faço meu trabalho com amor, com um olhar que podemos mudar, resignificar as coisas. Transformar realidades. Acredito que podemos e podemos muito, sou uma 'nega' arretada e vibro com dada vitória dos alunos especiais", finaliza Adriana.