A luta de Thiago Marreta começou bem antes de realizar o sonho de subir em um octógono. Criado na Cidade de Deus, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro, sofreu o assédio do tráfico, interessado na experiência que havia adquirido no Exército. Durante sete anos, o lutador fez parte da Brigada de Paraquedistas, onde desenvolveu habilidades com armas.
Foram os ensinamentos de seu Edi que fizeram Marreta se esquivar. A morte de seu pai no Natal de 2010, 15 dias depois da estreia no MMA, ainda é um duro golpe a ser assimilado pelo lutador de 35 anos: "Foi o momento mais difícil da minha vida. Até hoje não superei. Às vezes me pego chorando, com saudades dele, mas tenho que aprender a conviver com essa dor. Tenho minha mãe, minha filha... a vida continua. Mas meu pai está sempre nas minhas lembranças e em tudo o que faço", emociona-se o carioca, um dos principais representantes brasileiros no UFC.
A própria história levou Marreta a criar um projeto social voltado para cerca de 200 crianças e adolescentes. Em uma academia na Cidade de Deus, oferece aulas de judô, jiu-jítsu, muay thai e boxe: "É importante a gente ocupar a mente desses jovens e socializá-los. Mostrar o caminho do bem é fundamental, porque eles podem conquistar a felicidade e seus objetivos sem precisar ir para o caminho do mal. A educação que meus pais me deram ajudou muito, mas a filosofia da luta é fundamental para a formação dessa galera".

Mãe de Rafael Luiz Moreira Nascimento, de 8 anos, Gilsiana Moreira dos Santos conta que o projeto mudou radicalmente o comportamento do filho: "Ele era muito agitado, mas quando entrou na academia do Thiago tudo mudou. Além dos princípios sobre o esporte, eles buscam ensinar cidadania e como respeitar o próximo", elogia a dona de casa de 26 anos.
Neste sábado, Thiago Marreta vai enfrentar o polonês Jan Blachowicz na luta principal do UFC Fight Night 145, em Praga, na República Checa.