Apoteose no Maraca

Quase cinco mil quilômetros separam o Estádio Monumental de Lima, palco da final da Libertadores, e o Maracanã, principal palco da campanha histórica do Flamengo na competição continental deste ano. Nem por isso o mais icônico estádio do Brasil deixou de viver a sua decisão de Libertadores. Pelo menos 30 mil pessoas foram ao Maraca assistir à decisão e, depois de um início tenso, fizeram uma apoteose.

Doze telões foram espalhados no interior do Maracanã — oito deles no entorno do campo, o que direcionava o olhar da torcida das arquibancadas para o gramado. "É como se o jogo fosse aqui, mas um pouco mais tenso, porque dá para ver os replays, rever os erros. E o primeiro tempo foi uma porcaria", disse Letícia Medeiros, de 25 anos, no intervalo da partida. "Está muito parecido com um jogo no Maracanã, mas o gol que a gente tomou fez a torcida ficar mais quieta", afirmou Leandro Especier, de 24.

O clima de festa que se fez desde o início da tarde deu lugar à tensão com a vantagem do River. Mas o retorno promissor do Flamengo para o segundo tempo deu nova cara ao Maracanã. A torcida passou a cantar e, mesmo o tempo correndo contra o time, não arrefeceu o ânimo de ninguém.

O gol de empate, já quase no fim da partida, foi a senha para o torcedor começar de fato a voltar a pensar em título. E quando Gabigol virou a decisão, o Maracanã viveu finalmente a sua verdadeira vocação: a de fazer o torcedor feliz. "Nós temos Jesus! Nós temos Jesus", vibrava quase às lágrimas Cláudia Silva, de 47 anos, ao fim do jogo, sem deixar claro se a referência era somente ao técnico português do Mais Querido.

E o torcedor não arredou o pé até que os telões exibiram os jogadores, a quase cinco mil quilômetro dali, levantarem a cobiçada taça da Libertadores da América. Um dia realmente inesquecível.