Protestos realizados por torcedores e a perda de dois patrocínios importantes levaram o Operário de Várzea Grande, de Mato Grosso, a desistir da contratação do goleiro Bruno Fernandes, ex-Flamengo, condenado pela morte da modelo Eliza Samudio, ocorrida em 2010.
"Foi uma pressão muito grande, e sem dinheiro você não consegue fazer futebol", disse um dirigente do clube, André Xela.
A advogada de Bruno, Mariana Migliorini, confirmou o encerramento das negociações com o Operário. Em entrevista ao jornal mineiro O Tempo, ela disse que, ao saber da notícia, o goleiro ficou "triste e sem comer".
Na última terça-feira, um grupo de torcedoras do Operário se reuniu em frente ao Estádio Municipal Dito Souza, em Cuiabá, para protestar contra a anunciada contratação de Bruno. Aos gritos de "Quem contrata um feminicida apoia o feminicídio", elas aumentaram a pressão sobre a diretoria.
Bruno, de 35 anos, está em regime aberto e foi liberado pelo Ministério Público e a Justiça de Varginha, em Minas Gerais, para defender o Operário.
Em 2013, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo assassinato de Eliza e a ocultação do cadáver. Quatro anos depois, em 2017, o goleiro conseguiu um habeas corpus e, na época, assinou um contrato com o Boa Esporte, de Minas Gerais. O recurso, no entanto, foi cassado, depois de ele ter disputado apenas cinco jogos.
Posteriormente, após conseguir a progressão da pena para o regime semiaberto, Bruno assinou com o Poços de Caldas, também de Minas Gerais, mas rompeu o contrato após jogar apenas uma vez, sob a alegação de atraso no pagamento do salário.
Antes do Operário, o Fluminense de Feira de Santana, da Bahia, tentou a contratação do goleiro, mas acabou desistindo, no dia 8 de janeiro, diante dos protestos de torcedores.