Autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o depoimento de mais de oito horas e 10 páginas que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro deu à Polícia Federal (PF) foi divulgado. Segundo Moro, que pediu a abertura do depoimento para não haver "vazamento seletivo de informações", ele não assinou a exoneração de Maurício Valeixo da diretoria-geral da PF.
Moro informou ainda, em depoimento, que recebeu uma mensagem de celular do presidente Jair Bolsonaro na qual ele teria afirmado expressamente que "queria" a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro sob sua influência, sem explicar seus interesses específicos nesse cargo. Segundo o ex-juiz, a mensagem tinha o seguinte teor: "Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro". A PF tem superintendências em cada um dos 26 estados e uma no Distrito Federal.
No seu depoimento à PF, Moro detalhou as pressões feitas pelo presidente para trocar cargos na Polícia Federal desde agosto do ano passado, que incluíam mudar o superintendente do Rio e demitir Valeixo, que acabou sendo exonerado no mês passado e gerou a crise que resultou no anúncio de demissão do ministro da Justiça.
Nessa mensagem, Bolsonaro teria dito a Moro que o então ministro da Justiça poderia escolher todos os demais superintendentes da PF, mas que ele queria definir o nome para o Rio de Janeiro. Ontem, o superintende do Rio, Carlos Henrique Oliveira, foi nomeado para um cargo administrativo por Bolsonaro.