Uma ação da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) no Complexo do Alemão resultou na interceptação de um caminhão carregado de duas toneladas de maconha vindãs do Paraguai, nesta sexta-feira. De acordo com o titular da especializada, Alessandro Petralanda, carros de luxo roubados no Rio foram usados como moeda para a compra do carregamento.
"Como tivemos um enfrentamento inicial muito forte, foram duas horas de troca de tiros e um blindado chegou a ficar avariado, precisamos até usar o helicóptero, deu oportunidade de quem estivesse no caminhão e quem receberia essa droga fugir. Para a Polícia Civil, essa foi a maior operação dos últimos dois anos", disse o delegado Petralanda.
Segundo informações da Polícia Civil, a operação aconteceu com o apoio da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Na operação, foram usados dois veículos blindados, um helicóptero e 60 policiais.
Caminhão carregado de drogas é apreendido nesta sexta-feira, pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), no Complexo do Alemão. #MeiaHora pic.twitter.com/gx740cJ5Zy
— Jornal Meia Hora (@meiahora) 8 de março de 2019
"Foi uma investigação que começou há um mês e meio e descobriu que essa organização criminosa rouba carros de luxo, clonam as duas placas e os trocam por maconha no Paraguai. Essa droga volta para a comunidade em que elas atuam e faz com que os criminosos ganhem dinheiro com a sua venda", afirmou o delegado, que explicou:
"Um carro de luxo vale muito mais sendo trocado por droga, que depois é transformada em dinheiro, do que para ser cortado e revendido em ferro-velho. Essas duas toneladas de maconha renderia aproximadamente R$ 4 milhões para os criminosos".
O delegado ainda explicou como a quadrilha fazia o transporte da droga, desde o Paraguai: "Eles pegavam um caminhão que não era muito novo nem muito velho, para não levantar suspeitas, colocavam uma carga que não levantasse suspeita também, não muito valiosa, faziam um fundo falso para colocar a droga, e usavam um batedor para guiar o carregamento até a comunidade. A carga que eles usaram para disfarçar este carregamento específico foi de móveis de escritório, armários de ferro e cadeiras. É uma carga que não é muito valiosa nem muito barata, para não levantar suspeita".
Sobre a montagem da operação, Petralanda afirmou: "Nós percebemos que, nesta semana, carros de luxo foram para o Paraguai para serem trocados por drogas. Monitoramos a fronteira, conseguimos identificar o caminhão e o monitoramos. Desde que ele saiu do Paraguai, nós sabíamos que ele iria para a Fazendinha. Nós fomos montando o cerco, monitorando, tentando localizá-lo. Tentamos fazer a abordagem antes de ele entrar na comunidade, mas não foi possível, por que a localização do GPS não é precisa".
Desde o início da manhã, moradores relatam nas redes sociais momentos de pânico devido à presença de caveirões e helicópteros que sobrevoavam atirando contra a comunidade.
Muita polícia no Complexo do Alemão neste momento! No ar e na terra. 2 Caveirões nas ruas e 2 helicópteros sobrevoando. Passaram aqui em cima da minha casa muito baixinho agoraaaaaaaaa!
— Igor Cesar (@spfcigorc) March 8, 2019
Nesse #8M, muitas trabalhadoras, estudantes e mães do Complexo do Alemão estão impedidas de sair de casa por mais uma operação da polícia com Caveirão Voador. Tem sido assim quase todo dia há, pelo menos, uma semana.
— dolores a guerrilheira (@_amarelodeserto) March 8, 2019
Um vídeo publicado pelo jornal Voz das Comunidades, mostra o momento em que um helicóptero e logo em seguida são ouvidos tiros.
Clima tenso no Alemão: Helicópteros sobrevoavam a comunidade há 5 minutos e muitos tiros foram ouvidos pic.twitter.com/fnQPZwJqtV
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) 8 de março de 2019
Raul Santiago, do Coletivo Papo Reto, também usou as redes sociais para denunciar que dois jovens estariam sendo espancados no Alemão. A Polícia Civil ainda não deu informações sobre o ocorrido.
TEM DOIS RAPAZES, VIVOS, DENTRO DE UM BLINDADO, NA RUA DO BURACO - FAZENDINHA, sendo ESPANCADOS PELA POLÍCIA!
NÃO DEIXEM, FILMEM.
— Santiago, Raull. (@raullsantiago) 8 de março de 2019
Outras operações
Pela manhã, outra ação com policiais da UPP Fazendinha na comunidade em que o caminhão foi encontrado gerou confronto. Nas redes sociais, os relatos dão conta de que há caveirões e helicópteros sobrevoando a comunidade. Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Militar também realizou operações nas comunidades do Camarista Méier e do Morro dos Macacos, ambos na Zona Norte do Rio. Ainda não há mais informações sobre apreensões ou prisões.
Colaboraram as estagiárias Ana Mello e Juliana Martins